A Prefeitura está certa em esconder dados por bairro? Deputados de Anápolis comentam a situação
Na contramão de outros municípios do país, a Semusa se recusa a dizer onde o novo coronavírus já chegou na cidade
Representantes de Anápolis na Assembleia Legistativa de Goiás (Alego), os deputados Amilton Filho (SDD), Coronel Adailton (PP) e Antônio Gomide (PT) comentaram a política de isolamento de dados da Prefeitura de Anápolis para tentar conter o avanço do novo coronavírus na cidade.
Na contramão do que está fazendo outros municípios do país – como Goiânia e Aparecida – a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) tem se negado a informar a quantidade de casos de Covid-19 por bairros mesmo após o prefeito Roberto Naves (PP) reconhecer que a doença já chegou à periferia da cidade.
A falta de transparência, no entanto, já está sendo atropelada pelos fatos. Nesta sexta-feira (17), um novo escândalo ganhou as redes sociais após uma fábrica do Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA) ser interditada pela Vigilância Sanitária.
Oito funcionários da empresa foram contaminados com o vírus e juntos representavam 27% dos casos confirmados no município.
Está certa a Prefeitura de Anápolis em não informar o avanço da pandemia por bairros? Foi a pergunta que o Portal 6 fez aos três parlamentares.
Embora defenda a divulgação, Amilton Filho disse acreditar que a Prefeitura esteja seguindo orientações das alas técnicas da Semusa.
Ex-prefeito de Anápolis e oposição ao atual governo, Antônio Gomide disse que ‘é fundamental defender a transparência no repasse de informações” e evocou a responsabilidade da Prefeitura nesse momento.
Adailton, que é do mesmo partido de Roberto Naves, foi mais incisivo e disse que a Semusa “não pode mascarar os dados” e que a falta de transparência da pasta pode estar sendo orientada pelo próprio Poder Executivo.
Amilton Filho
Entendo que não haveria problema algum em divulgar a quantidade de casos confirmados de COVID-19 por bairros. Entretanto, a Prefeitura precisa seguir o protocolo indicado pela Vigilância Epidemiológica do município e o Ministério da Saúde. Pelo que consta da posição oficial da Secretaria de Saúde, os dados não podem ser divulgados, o que justifica a reserva das informações.
Antônio Gomide
O combate ao coronavírus se dá principalmente pelo monitoramento e transparência nas informações coletadas. Isto é fundamental para ajudar a população a fazer a sua parte, reduzir a circulação e interromper o contágio do vírus.
Apresentamos requerimento na Assembleia Legislativa nesta semana para a aquisição de mais testes rápidos para as regionais de Goiás a fim de termos um cenário mais claro de quantos são os casos e onde estão.
Portanto, é fundamental defendermos a transparência no repasse de informações neste momento.
Também é importante ressaltar que, dentro da decisão do STF, cada prefeito terá autonomia para definir ações de combate ao coronavírus, incluindo o fornecimento de informações corretas de como será feita a divulgação dos resultados.
Neste sentido, a Prefeitura tem uma responsabilidade ainda maior de coordenar este processo de transparência. Torna-se fundamental a realização de testes a fim de minimizar os efeitos da subnotificação.
Reforçamos a importância do isolamento social como método para conter o contágio e a intervenção da Prefeitura em Políticas Sociais para que as pessoas com menos recursos possam se manter.
Coronel Adailton
Na minha visão é muito importante que o governo municipal adote um procedimento que vá de encontro às orientações da Oranização Municial da Saúde, Ministério da Saúde e Secretaria Estadual da Saúde e informar o máximo possível a população.
Quanto mais informações tivermos, melhor para se combater a disseminação dessa doença. E só quem tem essas informações é o município.
Conheço o atual secretário municipal de Saúde [Lucas Leite], ele é técnico. Se não está sendo transparente é porque está sendo orientado assim pelo Poder Executivo. Não se pode mascarar os dados. Anápolis está indo na contramão dos outros municípios de Goiás e do mundo.
Defendo também o equilíbrio. É preciso o isolamento social, mas uma abertura gradual e segura para retomarmos a economia.