Goiás tem a primeira advogada transexual do país a ocupar cargo de Conselheira da OAB

Amanda Souto Baliza afirma ter como meta trazer mais pautas sociais para o debate na advocacia e inspirar outras pessoas da comunidade LBGTQIA+ a seguirem os próprios sonhos

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Amanda Souto Baliza, primeira mulher transexual eleita para um Conselho Seccional da OAB no Brasil. (Foto: Arquivo Pessoal)Goiás tem a primeira advogada transexual do país a ocupar cargo de Conselheira da OAB
Amanda Souto Baliza, primeira mulher transexual eleita para um Conselho Seccional da OAB no Brasil. (Foto: Arquivo Pessoal)

De uma cidade de 5 mil habitantes situada no Norte de Goiás para o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no estado. Essa é uma linha curta da trajetória de Amanda Souto Baliza, 30 anos, primeira mulher trans eleita para o cargo de conselheira seccional em todos os 91 anos de história da entidade de advocacia nacional.

Integrante da Chapa Compromisso OAB, liderada por Rafael Lara Martins, que ganhou a eleição para a presidência da OAB Goiás, realizada na última sexta-feira (19), Amanda acredita que o fato de ter assumido a função no Conselho é uma forma de inspirar outras pessoas transexuais a seguirem os próprios sonhos.

“A pessoa trans é forçada pela sociedade a seguir profissões marginalizadas, sendo muito comum ir pelo caminho da prostituição. Espero que possa motivá-las a não desistir, a não seguir aquilo que é definido por outros”.

A advogada destaca também que há uma quantidade muito pequena de transexuais exercendo a advocacia em todo o país. Ela estima que esse número não passe da casa de 200.

Amanda entende que, a partir de uma maior participação de pessoas LBGTQIA+ nas tomadas de decisões da sociedade, problemas não antes debatidos podem ser abordados, assim como soluções para estas questões sociais.

“Quanto mais diversidade se tem em uma instituição, mais amplo é o campo de visão dela”, afirmou.

Trajetória

Natural de Estrela do Norte, município de 5 mil habitantes, Amanda se formou em Direito pela UniEVANGÉLICA, em Anápolis, em 2012. Ela revelou que sua transição veio após alguns anos, quando já exercia o trabalho na advocacia.

Algum tempo depois, ela passou a se interessar e aprender mais sobre direitos das pessoas LGBTQIA+, o que acabou levando ao caminho do ativismo e da política.

Em 2020, Amanda assumiu o cargo de Coordenadora Jurídica na Aliança Nacional LGBTI+ e de Diretora Jurídica da Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas, o que deu a ela ainda mais experiência na área social.

Tendo como base toda a atuação nessas pautas, a agora Conselheira Seccional da OAB tem como expectativa que o trabalho em conjunto da chapa eleita possa dar ainda mais visibilidade para esse grupo social historicamente marginalizado.

“Espero que a gente consiga pautar as questões sociais da advocacia como um todo. Não podemos deixar que nenhuma parcela fique invisibilizada. Temos que trabalhar em prol de todos”, enfatizou.

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