Em pedido de bolo, cliente diz que não gosta de “pretos” e pede entregador branco
Confeiteira relatou situação para o trabalhador e caso deverá ser apurado pela Polícia Civil
Augusto Araújo -
Uma confeiteira de Goiânia relatou uma ocorrência revoltante, após um cliente exigir que uma encomenda de bolo fosse realizada por um entregador branco.
“Não gosto de pretos nem pardos”, estava na descrição do pedido, feito por meio do Ifood, aplicativo de entregas de comida.
Ao G1, a dona do estabelecimento destacou que ficou desconcertada com a situação. “Completamente constrangedor e desumano. Até pedi desculpas para o motoqueiro quando ele veio buscar o pedido”, disse.
A empresária também contou que, após a entrega, o motociclista voltou à confeitaria e disse que foi recebido por duas mulheres.
“Elas disseram que o pedido era delas, mas que não haviam escrito aquela mensagem. Parece que uma disse que foi o marido, depois disse que não foi. Não explicaram direito”, relatou.
A confeiteira disse que prefere não fazer a denúncia formalmente, deixando a decisão nas mãos do entregador. Contudo, a Polícia Civil deve investigar o caso.
“É um crime de ação pública incondicionada, então a Polícia tem a obrigação de apurar”, disse o delegado Joaquim Adorno, do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri).
“Esse tipo de comportamento pode ser configurado como prática, incitação ou induzimento ao preconceito ou discriminação de raça, cor ou etnia, com pena de prisão de 1 a 3 anos”, complementou.
Em nota ao G1, a empresa Ifood lamentou o caso e reforçou que repudia qualquer ato de discriminação.
“Por conta desse episódio, vamos iniciar um processo de investigação interno para que as devidas providências sejam tomadas, incluindo o descadastramento do cliente”, destacou a mensagem.
