Alta da inflação obriga comerciantes a se reinventarem para manter comércios abertos em Goiânia

Valor da cesta básica subiu acima de dois dígitos no último ano e comerciantes de marmita apostam em diversas estratégias de negócio

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Alta da inflação obriga comerciantes a se reinventarem para manter comércios abertos em Goiânia
Marmitas. (Foto: Divulgação/ OVG).

Os comerciantes de marmitas em Goiânia estão tendo que usar a criatividade para lidar com os consecutivos aumentos de preço nos produtos alimentícios no município.

Devido à constante inflação, que atualmente está em dois dígitos, o valor da Cesta Básica de Alimentos na capital goiana, calculada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), chegou a R$ 682,87 no mês de maio.

Isso indica que, desde janeiro, houve um aumento de 11% no custo para se alimentar. Não o bastante, nos últimos 12 meses esse preço subiu 20,18% – custava R$ 564,04 em maio de 2021.

Vale lembrar que antes da pandemia, em janeiro de 2020, a Cesta Básica em Goiânia foi calculada em R$ 455,08 (50% a menos).

Por sua vez, quem vive da venda das marmitas precisou reajustar os valores para poder se manter. Um exemplo é Olânia Leal, 33 anos, proprietária da Verde Mistura, comércio localizado no setor Residencial Ana Moraes.

Ao Portal 6, ela explicou que deu início à venda há cerca de um ano e meio, após perder o emprego durante a pandemia de Covid-19.

Olânia relembrou que, em janeiro deste ano, fez um alteração no custo dos produtos dela, saindo de R$ 12 a unidade para R$14. No entanto, os constantes aumentos que vieram em seguida gerou uma certa “saia justa”.

“Eu tive que manter o preço, pois se eu fizesse dois reajustes em sequência iria acabar assustando os clientes. Mas era para estar R$16 agora”, argumentou.

Como alternativa, ela afirmou ter diminuído um pouco o tamanho das marmitas e começou a vender kits de 10 unidades, para ficar mais prático para a clientela.

“Quem compra geralmente é um pessoa que estuda, trabalha, muito corrida e não tem tempo para cozinhar, mas não quer ficar vivendo só de fast-food. Aí já compram para a semana inteira”, detalhou.

Outra comerciante que precisou usar a criatividade para vender os pratos feitos foi Marlene Ximenes, 59 anos, que atua na região do setor Parque Amazônia.

Ela apontou que as marmitas são vendidas por R$ 15 a unidade, mas que recorre à promoções para estimular o cliente a comprar novamente.

“Eu faço desconto para quem faz o pagamento via PIX ou dinheiro [em cédulas], ficando R$14 cada uma. Em alguns casos, quando a pessoa compra várias de uma vez, a gente pode negociar descontos, dá para negociar”, complementou.

Marlene afirma que a clientela geralmente são funcionários de empresas, que compram o kit de 10 marmitas por vez, para atender todo o grupo.

No entanto, a comerciante apontou que as vendas caíram mais de 60% desde o início da pandemia e a demanda também diminuiu. Além disso, segundo ela, o transporte dos produtos ficou bem mais caro.

“A taxa de entrega subiu muito por causa do combustível. Antes era R$ 8, R$ 12 por viagem. Agora, subiu até para R$ 20”.

Não o bastante, o aumento do preço do gás de cozinha – que Marlene precisa trocar a cada 15 dias – também obrigou a comerciante a tomar decisões mais econômicas.

“Eu nunca deixei a qualidade das minhas marmitas caírem, mesmo com a inflação dos alimentos. Mas eu tive que fazer um fogão à lenha para coisas mais demoradas, para economizar com o gás. Estou ‘me virando’ do jeito que dá”.

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