Doenças e guerra fazem faltar medicamentos em Anápolis e força aumento nos preços

Situação também já se tornou problema coletivo e preocupação é de que hospitais fiquem sem remédios básicos

Lucas Tavares Lucas Tavares -
Doenças e guerra fazem faltar medicamentos em Anápolis e força aumento nos preços
Entrada do DAIA, em Anápolis. (Foto: Governo de Goiás)

Mesmo comportando o segundo polo farmoquímico do Brasil, Anápolis vem sofrendo com a falta de alguns medicamentos essenciais para a saúde da população.

Antibióticos, analgésicos, antigripais para adultos e crianças, e até mesmo soro fisiológico, estão entre os remédios que a oferta não corresponde a demanda.

Uma das explicações para essa crise é o surto de gripe que, inesperadamente, aconteceu no último Verão, principalmente nos meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022.

Normalmente, essa alta no número de infectados é esperada pela indústria, farmácias e hospitais, para o Outono, se estendendo até o Inverno.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás (SINDIFARGO), Marçal Soares, esse foi um dos motivos para o desabastecimento.

“Houve um aumento muito expressivo na demanda desses medicamentos, desde janeiro. Mas não é nada muito grave, significativo”, afirmou ao Portal 6.

Segundo Marçal, os altíssimos índices da Dengue em Goiás também foram decisivos nessa situação, mas isso não é exclusividade do estado.

“A falta é generalizada a nível nacional. Nossas indústrias estão trabalhando 24h por dia, sete dias por semana. Não tem como aumentar a produção, estão todas no limite máximo”, disse.

O representante do sindicato acredita que nos meses de junho e julho tudo deve se normalizar, já que é quando deverá “começar a cair o consumo dos antigripais e os casos da dengue”.

Crise internacional

Além da dengue e da gripe, fatores econômicos e também de saúde internacional afetaram o mercado dos remédios.

“Nós importamos 95% da matéria-prima e em torno de 85% vem da Ásia. Xangai, por exemplo, é um dos grandes centros e teve lockdown decretado. Ainda não é uma situação crítica, mas os portos estão congestionados e o custo do frete elevado”, explicou Marçal Soares.

Em meio as dificuldades citadas, fatores políticos são determinantes. “A Guerra na Ucrânia teve grande influência na logística mundial”.

“Também não temos uma regularização da aviação civil, são poucos voos internacionais, não conseguimos passagens, seguimos buscando alternativas”, continua.

Tabelamento de preços

Atualmente, o preço dos medicamentos é orientado pela Câmara de Regulação de Preços de Medicamentos (CMED), que é ligada diretamente ao Ministério da Saúde e sediada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Marçal afirma que é urgente uma atualização na tabela de preços de remédios no Brasil, pois vários já não são suficientes nem mais para pagar o valor de produção.

“Dipirona injetável está faltando nos hospitais, por causa do preço. Se não fizerem a revisão vai faltar mais. Já comunicamos a ANVISA e estamos em contato com o Ministério da Saúde. Mas não obtivemos respostas”, concluiu.

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