Mesmo com aumento de demanda, Governo de Goiás não pretende ampliar restaurantes populares

Só em 2022 aumento de refeições distribuídas chegou a 40%. Número só reduziu em 2020, justificado pela pandemia

Emilly Viana Emilly Viana -
OVG alega que não reduziu atendimentos na pandemia e manteve valor a R$ 2. (Foto: Divulgação / OVG)

359 mil pessoas vivem com menos de R$ 100 por mês em Goiás. O dado alarmante é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e revela um lado sombrio da desigualdade social e insegurança alimentar no estado.

Uma forma de fazer uma leitura dessa consequência nefasta é que, desde 2019, os restaurantes populares, cujo preço é da refeição completa é de R$ 2, vêm registrando aumento da procura em todo o estado.  Apesar disso, segundo a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), não há previsão para ampliação do serviço.

Atualmente, 13 unidades do Restaurante do Bem estão em funcionamento. São duas em Goiânia, duas em Anápolis, duas em Luziânia, uma em Rio Verde, uma em Águas Lindas, uma em Valparaíso, uma em Minaçu, uma em Caldas Novas, uma em Jaraguá e uma em Goianésia.

Segundo a OVG, de janeiro a maio deste ano, foram servidas 1.406.563 pratos nos locais, o que representa um aumento de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2021, na comparação com os 12 meses anteriores, a alta foi de 8%.

Apenas 2020 registra redução na demanda, que é justificada pela organização devido ao isolamento social do período pandêmico.

Mesmo sem a ampliação do número de restaurantes, a diretora-geral da entidade, Adryanna Melo Caiado, argumenta que o estado tem reforçado os atendimentos nos últimos anos.

“Em meio à pandemia, não houve a redução ou interrupção do atendimento. O preço da refeição também não sofreu custos adicionais, e se manteve no valor de R$ 2”, argumenta.

Ela também destaca que, durante a emergência de saúde pública, as unidades do Restaurante do Bem de Goiânia e Luziânia passaram a distribuir refeições para pessoas em situação de rua e famílias de refugiados venezuelanos.

Além disso, comunidades quilombolas e assentamentos rurais também foram amparados desde 2020, com mais de um milhão de cestas básicas.

Insegurança alimentar

Para o presidente da Central Única das Favelas em Goiás (CUFA), Breno Cardoso, embora os restaurantes populares sejam fundamentais para esta população, falta acessibilidade.  “A locomoção até estes lugares é difícil, mas essa ausência de acesso ocorre em um sentindo mais amplo, por exemplo, quanto à falta de informação dos locais”, pontua.

Atualmente, a CUFA possui um serviço com 10 cozinhas comunitárias espalhadas pela Região Metropolitana de Goiânia que servem refeições gratuitas para quem precisa. O projeto foi criado no início da pandemia, quando a Central notou a intensificação da insegurança alimentar.

Desde então, a demanda quadruplicou. “Em uma das nossas principais unidades, que atende a região da ocupação Emanueli, no Jardim Novo Mundo, servíamos 100 marmitas no começo. Agora esse número já passa de 400”, conta.

A ampliação do trabalho neste ano, segundo o presidente da instituição, depende de recursos que diminuíram com a retomada das atividades. “O comércio e as entidades voltaram a funcionar e as pessoas pararam de doar. Essa redução chega a 80% dos valores que recebiam do ápice da pandemia até hoje em dia, então existe a dificuldade aumentar o serviço e atender mais pessoas”, pondera.

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