Goiás tem aumento de 40% no número de crianças e adolescentes ‘superdotados’
Portal 6 também ouviu especialista, que indica os sinais que devem ser observados para identificar quem tem inteligência acima da média
O número de crianças e adolescentes superdotadas em salas de aula de Goiás passou de 451, em 2020, para 632, em 2021. O aumento é de 40,1%, conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) referentes ao Censo Escolar.
Levantamento feito pelo Portal 6 mostra que o crescimento observado no estado é o oposto do país. No Brasil, neste mesmo período, o contingente de alunos em condições de Altas Habilidades / Superdotação teve queda de 2,7%, caindo de 24.424 para 23.758.
Quando se trata de ‘superinteligência’, dois municípios goianos se destacam. É o caso de Anápolis que praticamente triplicou a quantidade de estudantes nesta situação, saindo de 06 para 17. Já Valparaíso de Goiás, no Entorno de Brasília, que só perde para Goiânia em números absolutos, viu o grupo crescer de 20 para 35.
A capital, por sua vez, apresentou redução. Em 2020, eram 182 superdotados nas escolas goianienses e, em 2021, passou a ser de 166.
A pedagoga Lívia Andrade, especialista em Educação Infantil, avalia que o aumento se deve ao acesso à informação por parte dos pais e responsáveis. “Hoje nós temos o conhecimento literalmente na palma da mão. Com isso, avalio que há uma redução de estigmas e mais atenção na identificação dos sinais, que também facilitam o encaminhamento ao neuropsicólogo”, analisa.
Como identificar
Em primeiro lugar, segundo a especialista, é importante que os pais entendam que existem diferentes espectros de inteligência. “As mais comuns são a matemática, a linguística e a musical. Porém, é essencial compreender que a criança pode estar avançada em outras áreas, não só nestas tradicionais”, destaca.
Os principais fatores a serem observados, sobretudo na infância, é o desenvolvimento superior à faixa etária e o aprendizado sem aulas. “É se atentar justamente nisso: se ela aprendeu a tocar um instrumento sem nunca ter tido aula, por exemplo, se consegue fazer equações complexas com pouca prática ou mesmo se constrói frases e ideias complexas para idade”, explica.
Após esta observação, a criança deve ser encaminhada para avaliação profissional. “Por conta das novas tecnologias e esse excesso de informação que temos hoje não significa necessariamente que seja caso de altas habilidades. Somente um neuropsicólogo vai poder dizer”, ressalta.
Inclusão
Em todo o estado, mais de 99% dos estudantes superdotados estão em classes comuns. Apenas cinco deles estudam em turmas exclusivas em cidades de Goiás, de acordo com o Censo Escolar do ano passado.
Para a pedagoga, salas especiais nestes casos podem não ser inclusivas. “Se ela só interage com outras crianças superdotadas, o amadurecimento emocional talvez seja prejudicado. Então a recomendação de classes exclusivas é somente em casos muito específicos”, esclarece.