O que esses servidores passam é sonho ou realidade?
Há momentos que exigem escolhas. “Nunca vi um justo desamparado, nem a sua descendência mendigar o pão”
Eu estava sonhando, e no sonho recebi uma ligação e cinco mensagens sobre o mesmo assunto. Um total de seis pessoas, reclamando da forma como estão se sentindo acuadas e oprimidas no trabalho. Estão recebendo ordens diretas e indiretas para que, além do trabalho, sejam cabos eleitorais de candidatos que estão em plena campanha nesse momento.
O ativismo como militantes políticos desses servidores não tem horário. O que interessa é cumprir a ordem, queiram ou não queiram. Se eventualmente discordarem, a gratificação é cortada no caso de servidor efetivo. Para servidores comissionados, nesse caso de rebeldia, a demissão.
No sonho, minha resposta foi padrão. Tem uma ferramenta chamada PARDAL. O TSE criou esse aplicativo para denúncias ao Ministério Público Eleitoral nessas eleições 2022. Em seguida, avisei a todos que se estão insatisfeitos, peçam para sair apesar das dificuldades.
Acordei na madrugada refletindo sobre esse sonho. Relembrei que em 23 de dezembro de 2021 (véspera do Natal), tivemos em Anápolis uma sessão extraordinária em regime de URGÊNCIA, para votarmos o aumento do IPTU e criarmos mais vagas para cargos comissionados.
É óbvio que votei contra, mas infelizmente o projeto foi aprovado pela maioria.
Anápolis tem cerca de 1500 comissionados nesse momento. Gostaria que ainda fosse um sonho, mas essa despesa é a triste realidade. Mais de 800 destes, ganham o subsídio mensal de R$ 1574,40. Inclusive foi pago hoje!! Estão “satisfeitíssimos”. O valor líquido que vi, foi de R$ 1526,17.
Aí tive a curiosidade de fazer umas contas que vão servir para os leitores e esses servidores prestarem bem atenção:
22 dias de trabalho. R$70,00 por dia
8hs por dia. R$8,50 por hora.
Se saírem à noite e/ou final de semana para ações políticas “voluntárias”, o valor da sua hora trabalhada, ficará menor que o preço de um picolé de fruta.
Se está ruim, saiam. “Nunca vi um justo desamparado, nem a sua descendência mendigar o pão”.
Anápolis precisa dos Anápolis.
É isso.
José Fernandes é médico (ortopedista e legista) e bacharel em direito. Atualmente vereador em Anápolis pelo MDB. Escreve todas às sextas-feiras. Siga-o no Instagram.