Por que Anápolis não pode ter edifícios altos e arranha-céus como Goiânia?

Legislação do município explica o que faz com que construções da cidade não atinjam o mesmo porte da capital

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Por que Anápolis não pode ter edifícios altos e arranha-céus como Goiânia?
Vista de prédios em Anápolis. (Foto: Portal 6/Isabella Valverde)

Muitos anapolinos que visitam Goiânia se encantam com a quantidade de edifícios altos e arranha-céus. No entanto, ao contrário da capital, o cenário em Anápolis é bastante diferente. A cidade é mais horizontalizada e não há construções gigantescas.

Ao Portal 6, uma engenheira explicou que essa clara diferença no estilo das construções ocorre por conta de uma legislação vigente no município.

“O nosso município tem uma lei que devemos obedecer ao recuo e a altura máxima de prédio. Não pode passar de 58 metros de altura”, relatou.

A profissional explica que a legislação foi criada por conta do sistema aeronáutico, levando principalmente em consideração o fato de que a cidade se encontra em uma região alta.

A norma que limita a construção de edifícios altos e arranha-céus se trata da Lei Complementar (LC) número 349, que dispõe sobre o Plano Diretor Participativo de Anápolis e foi atualizada pela última vez em 2016.

Assim, como forma de orientar a respeito das futuras construções, a legislação destaca que “quando os recuos laterais e de fundo atingirem 8,00m (oito metros) será permitido que a edificação atinja o número máximo de 20 (vinte) pavimentos; acima de 20 (vinte) pavimentos será acrescentado 0,50m (cinquenta centímetros) para os recuos laterais e de fundos a cada pavimento”.

Investidor imobiliário e desenvolvedor de grandes empreendimentos no Brasil, Cleberson Marques, revelou para a reportagem que essa regulamentação foi pensada de modo a garantir uma ocupação ordenada na cidade.

“Quando você pensa em uma urbanização, a Prefeitura precisa regulamentar o município para garantir uma ocupação ordenada. Isso significa que ela dispõe de uma infraestrutura, água, energia, escola, hospitais, quando ela começa a limitar o índice de construção, ela tende a forçar quem tem propriedade a edificar o número de pavimentos até que uma determinada região não fique muito adensada”, pontuou.

O profissional justifica que este índice de adensamento limitado no município é importante até mesmo para a preservação de Anápolis, impedindo dessa forma que a cidade fique com uma aparência mais desleixada.

“Quando você permite o adensamento, por exemplo, seis vezes em determinada região que não está totalmente adensada, acaba fazendo com que muitos terrenos, terrenos vazios, fiquem abandonados”, afirmou.

“As pessoas optam por escolher determinados imóveis ou propriedades para edificar que estão perto de escolas, hospitais, e começa a ter uma centralidade aonde se eu permitir a edificação de 20 pavimentos, por exemplo, as pessoas vão ficar centralizadas naquela região e o restante do bairro, onde os lotes vão ficando mais distantes, começam a ficar vazios, descuidados, desprotegidos e a cidade começa a ficar enfeada também”, completou.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade