Entenda por que não é possível fechar o zoológico de Goiânia mesmo após polêmicas
Discussão veio à tona após chuvas fortes deixarem o espaço ao redor do local alagado
Após a queda de uma forte chuva em Goiânia no último 21 de fevereiro, um vídeo que circulou nas redes sociais mostrando o parque Lago das Rosas, no Setor Oeste, completamente alagado deixou ativistas de proteção aos animais preocupados.
Isso porque a área verde abriga o Zoológico de Goiânia, local repleto de animais silvestres, sendo que alguns deles não são naturais do Cerrado.
Dessa forma, os manifestantes se posicionaram exigindo o fechamento do espaço e a recolocação dos bichos nos ambientes naturais deles. No entanto, a situação não é tão simples.
Ao Portal 6, a médica veterinária Jéssica Rocha, que atua no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) da capital goiana, explicou que os animais que lá se encontram não possuem condições de voltar à natureza.
“O Zoológico de Goiânia recebe espécies que foram vítimas de tráfico, ou que sofreram consequências da caça e não conseguem viver livremente na natureza. Eles não estão lá para serem ‘entulhados’. Existe uma equipe excelente de veterinários que trabalha lá, portanto, os animais não estão desassistidos”, detalhou.
Jéssica também destacou que existe um projeto de conservação das espécies que lá se encontram, com iniciativas que promovem a recriação de animais que estão em extinção, para que os filhotes possam ser introduzidos no ambiente natural. “Lá eles fazem um papel brilhante com as condições que tem”, afirmou a veterinária.
Sobre os alagamentos, ela também pontuou que o Zoológico não foi tão afetado pela chuva quanto a área externa a ela, no Lago das Rosas, visto que lá tem um sistema de escoamento de água.
Por outro lado, o biólogo Igor Morais, que foi membro da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil por sete anos, destacou que o conceito praticado no Parque Zoológico de Goiânia seria desgastado, necessitando de uma modernização.
“O que eu vi quando estive em Goiânia, foi o que chamamos de uma ‘arquitetura rígida’, que só serve para expôr os animais ao público. O que eu defendo é que o Zoológico deve desempenhar, de forma igualmente bem-feita, trabalhos de conservação, pesquisa, educação e lazer”.
Com isso, Igor afirma que estes espaços devem conter o maior número de recursos de ambientação possível, para que os animais estejam o mais próximos do habitat natural deles.
No entanto, o biólogo apontou que, no último contato que teve com a administração do Zoológico de Goiânia, não havia sequer um planejamento definido para os tipos de animais que eles querem trabalhar, para que sejam feitas as adequações necessárias.
“O que a gente vê no Brasil é que 80% das gestões dos zoológicos são políticas, pessoas com cargos comissionados que foram indicadas para estar lá. Eu defendo que deve ser escolhido um gestor especializado na área, fazendo uma gestão técnica e científica, e não por indicação política”, concluiu.