Professora é demitida por telefone após deputado goiano criticá-la na web por uso de camiseta em sala de aula
Caso repercutiu depois que Gustavo Gayer (PL) a criticou nas redes sociais por suposta associação política
Uma professora de história do Colégio Expressão, localizado em Aparecida de Goiânia, na região Metropolitana da capital, foi demitida por causa da repercussão causada por uma camiseta que ela usou em sala de aula.
A peça de roupa em questão fazia uma referência a uma frase do artista plástico renomado, Hélio Oticica, com os dizeres: “Seja marginal, seja herói”.
Ao G1, a docente, que não foi identificada, afirmou que usou a blusa na terça-feira (02) e fez uma postagem no Instagram com a vestimenta.
Entretanto, a imagem postada acabou chegando ao deputado federal Gustavo Gayer (PL), que compartilhou uma montagem com a legenda “professora de história com look petista em sala de aula” – algo que não estava na publicação original.
“Minhas camisetas de obras de arte são feitas por um amigo e na foto eu literalmente só marquei a loja [para divulgação]. A obra é vermelha, por isso a camiseta é vermelha. Não há associação política alguma”, disse ao G1.
No entanto, o caso repercutiu entre apoiadores e seguidores do parlamentar, que também passaram a pressionar o colégio pelas redes sociais.
A educadora afirmou que só ficou sabendo da repercussão quando um dos sócios da instituição de ensino ligou para ela, na noite daquela data.
“Recebi uma ligação dizendo que eu tinha causado muita dor de cabeça com uma foto que tinha postado. O tom da escola foi de me culpabilizar por isso, quando, na verdade, fui vítima do caso”, argumentou.
Após tantas críticas de Gayer e os apoiadores dele, a professora afirmou que foi demitida na quinta-feira (04), por meio de ligação de telefone.
Ela também destacou que a informação de que ela havia sido desligada foi publicada por Gustavo Gayer nas redes sociais dele, em tom de comemoração, antes mesmo de ser dita a ela por parte da instituição de ensino.
A professora também afirmou que costuma dar aulas sobre o artista plástico, por se tratar de um tema frequente em questões de vestibular.
Em nota divulgada pelo Colégio Expressão nas redes sociais, eles afirmam que “escola não é lugar de propagar ideologias políticas, religiosas ou preconceituosas”.
De acordo com o advogado da educadora, ela entrou com uma ação contra o deputado onde pediu a exclusão dos vídeos, a proibição de novas postagens, um direito de resposta e indenização por dano moral.
Ele também apontou que deve entrar na justiça com ação trabalhista contra a escola.
Em tempo
Vale lembrar que na semana anterior, uma movimentação feita por Gustavo Gayer nas redes sociais forçou a Universidade de Rio Verde (UniRV) a remover uma obra da lista de leituras para o próprio vestibular.
Segundo o parlamentar, o livro “Eu receberia as mais tristes notícias de seus lindos lábios”, de Marçal Aquino, teria conteúdo pornográfico, e polemizou em cima disso.
Em nota, a instituição de ensino defendeu a inclusão da obra na lista de estudos, apesar de ter decido pela remoção da mesma dos conteúdos inclusos no processo seletivo.