Anápolis tem oito vezes mais famílias querendo adotar do que crianças e adolescentes aptos

Faixas etárias mais jovens são as mais procuradas, as quais muitas vezes têm pendências em relação à destituição familiar

Samuel Leão Samuel Leão -
Família de Wellington. (Foto: Arquivo Pessoal)
Família de Wellington. (Foto: Arquivo Pessoal)

Se por um lado existem 11 crianças aptas para a adoção atualmente em Anápolis, por outro, as famílias interessadas em adotá-las no município contam 97 – o que significa uma escala oito vezes maior.

Embora as contas pareçam não fechar, por traz da frieza dos números, existe um longo caminho a se percorrer para que vínculos não sejam quebrados.

Apesar das normas vigentes para o processo de adoção, as análises individuais, ou seja, caso a caso, são ponderadas durante a trajetória. Sobretudo quando se trata da destituição do poder da família. Na prática, isso significa  a retirada oficial da guarda da criança dos pais ou responsáveis.

Outro ponto é que a idade e características de cada criança também pode alongar o procedimento. Menores de cinco anos, em função da facilidade de adaptação, são os mais desejados.

Ao Portal 6, o ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Anápolis, Wellington Pereira da Silva, de 51 anos, explicou como foram os seis longos anos para conquistar o sonho da adoção.

“Você vai até o juizado e faz o requerimento, e depois é encaminhado para o curso de adoção. No curso, você escolhe o perfil da criança e, de acordo com a escolha, o tempo de espera pode ser maior ou menor”, relatou.

Ele explicou que crianças mais novas, sem traumas do tempo passado nos abrigos, costumam ter uma maior espera. Juntamente com a esposa, ele conseguiu a adoção de dois bebês há cinco anos, após muita espera e diversos procedimentos burocráticos.

“A fila do cadastro nacional é uma gestação mais longa que a convencional. Independente de ser adotivo ou biológico, para mim e para minha esposa é igual”, expressou emocionado.

À reportagem, o juiz Carlos Limongi Sterse, da Vara da Infância e Juventude, explicou que a demora no processo de adoção pode ocorrer principalmente em algumas situações específicas.

Normalmente ocorre nos casos de destituição do poder familiar, ou seja, nos quais ainda é necessário retirar oficialmente a guarda dos pais ou responsáveis, o que demanda todo um processo de defesa. Este é um dos motivos de apenas 11 crianças serem consideradas aptas para a adoção no município.

Após o processo, os pais ainda podem recorrer da decisão e alongar a análise. O magistrado explicou que, em seguida, ocorre o chamamento de parentes, mesmo aqueles que estejam sumidos, devido à citação por edital, o que pode atrasar mais um pouco.

Apesar da análise individual de cada pretendente, ele frisou também o princípio de igualdade, que faz com que a diferenciação entre os candidatos não influa sobre a destinação da criança.

“Cada caso é um caso, mas não existe diferenciação nenhuma entre pretendentes, é assim que tem funcionado, não só aqui mas no Brasil todo. Há um entendimento de que todas as pessoas são iguais e todas são respeitadas dentro da sua dignidade”, finalizou.

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