Pobreza menstrual em Goiás faz mulheres usarem até miolo de pão para conter sangramento
Ginecologista explica que situação afeta todo o país e que políticas públicas são necessárias para reverter o cenário

O dia 28 de maio é marcado por ser Dia Mundial da Dignidade Menstrual, que trata da falta de acesso a produtos de higiene destinados ao público feminino em idade fértil. Como resultado, meninas e mulheres fazem uso de táticas que impactam diretamente na qualidade de vida e saúde.
“Elas improvisam e usam jornais, sacolas plásticas e até miolo de pão para conter o sangramento, ou fazem uso prolongado do absorvente, sendo todas essas soluções precárias e insalubres, causando infecções e outros problemas de saúde”, explicou explicou a ginecologista e obstetra Trícia Barreto, ao Portal 6.
Segundo o estudo “Pobreza Menstrual no Brasil”, realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), no Brasil, 713 mil mulheres vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro nas residências. Além disso, mais de quatro milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais em ambientes escolares.
Diante desse contexto, uma pesquisa realizada pela Essity, líder mundial em higiene e saúde, identificou que 24% das brasileiras entrevistadas já perderam um dia de trabalho ou aula por causa da menstruação.
“A situação da pobreza menstrual, não só em Goiás, mas em todo o país, está diretamente relacionada com a vulnerabilidade social de meninas e mulheres em idade fértil”, destacou Trícia.
Leia também
- Identificado motociclista que morreu após colisão com ônibus em Goiânia
- Número de assassinatos em Anápolis mais que dobrou em 2025; veja os números
- Falsa biomédica vai a júri popular por morte de influenciadora em Goiânia
- Mulher sofre mal súbito e morre após primeira aula de hidroginástica no interior de Goiás
Desde 2019, tramita no Congresso Nacional, um projeto de lei de isenção de IPI sobre produtos de higiene feminina. Tais produtos são considerados cosméticos, o que resulta em valores inacessíveis para a população economicamente vulnerável.
Por ser um assunto pouco conversado, a falta de informações também levam à pobreza menstrual.
De acordo com a ginecologista, “quando uma mulher faz uso de um material não adequado para conter o sangramento corre-se o risco de adquirir uma infecção. Quando não há um acompanhamento médico, corre-se o risco de ter situações desagradáveis como cólicas incapacitantes e demais sintomas que podem surgir juntamente com a menstruação.”
Para combater o problema que afeta milhões, a médica aponta que são necessárias diversas ações, como políticas públicas voltadas para as pessoas em situação de vulnerabilidade, a diminuição de impostos para os produtos de higiene feminina para que se tornem acessíveis e a divulgação de informações sobre os vários métodos de conter o sangramento menstrual.