Por que existem muito mais pretendentes do que crianças aptas a serem adotadas em Goiás?

Portal 6 conversou com especialista, que destrinchou as principais causas e deixou alerta às famílias interessadas em adotar

Caio Henrique Caio Henrique -
Por que existem muito mais pretendentes do que crianças aptas a serem adotadas em Goiás?
(Foto: Reprodução/TV Brasil)

A adoção de crianças, muitas vezes, é uma nova oportunidade dos pequenos crescerem em um ambiente familiar envolto de preocupação, carinho e afeto.

Também pode ser a realização de um sonho para diversos casais e famílias que não possuem filhos biológicos ou que buscam a chance de mudar a realidade de vida de alguém.

Em Goiás, entretanto, essa tarefa pode não ser tão simples assim. Isso porque existe uma discrepância no número de crianças que aguardam em lares temporários e aquelas que já estão, diante de todos os requisitos da Lei, aptos para a adoção.

De acordo com os dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um total de 720 crianças estão acolhidas de maneira provisória no estado, enquanto apenas 88 estão aptas de irem para uma nova casa. Na outra ponta, existem 1.079 pretendentes habilitados. Na ponta do lápis, é como se houvesse 12 interessados por criança.

A fim de entender melhor o porquê dessa realidade e como a burocracia por trás das adoções funcionam, o Portal 6 conversou com a advogada Roberta Muniz, que é presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Goiás.

“Precisamos lembrar que o ordenamento jurídico brasileiro preza pela colocação da criança na família natural, sendo a adoção o último passo, quando todos os outros meios de reintegração falharam. Isso, por si só, já resulta em um longo período de espera para que elas estejam 100% aptas a serem adotadas”, explicou.

Outro ponto importante a ser considerado, segundo a profissional, é a escolha de perfis de adoção muito restritos. Grupos sem irmãos e com menor idade, geralmente recém-nascidos ou com até 02 anos de idade, e meninas da cor branca geralmente são as características mais buscadas dentro dos interessados a adotar.

“Tudo isso faz com que se tenha muito mais pretendentes no Sistema de Adoção do que crianças disponíveis. Partindo do princípio prático, as crianças que se encontram acolhidas institucionalmente geralmente são mais velhas, acima dos 08 anos, afrodescendentes e com um grupo extenso de irmãos”, sintetizou.

Uma maior flexibilidade dos pretendentes nessa questão já seria uma ótima forma de acelerar o processo de adoção, explicou também Roberta.

Outra maneira citada pela advogada foi a ferramenta Busca Ativa, através do Sistema Nacional de Adoção, que amplia o acesso a informações de crianças e adolescentes acolhidos, aptos, mas sem pretendentes disponíveis compatíveis com cada perfil, aumentando as chances de encontrar uma família.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade