Goiana vítima de erro médico é processada para pagar cirurgia reparadora

Paciente teve o intestino perfurado durante exame e foi encaminhada para casa, onde desmaiou. Defesa quer que médico responsável arque com custos

Samuel Leão Samuel Leão -
Damiana no Hospital Jardim América, após cirurgia de emergência. (Foto: Arquivo Pessoal)
Damiana no Hospital Jardim América, após cirurgia de emergência. (Foto: Arquivo Pessoal)

Um erro médico, cometido durante um exame pré-operatório para uma cirurgia de períneo, acabou evoluindo para um processo contra a própria paciente, Damiana Evangelista Ferreira, de 69 anos.

Ela teve o intestino perfurado em uma colonoscopia em uma clinica localizada em Goiânia e, agora, terá que arcar com os custos da cirurgia de emergência em um outro hospital da capital – para reversão do processo.

O caso ocorreu no dia 15 de fevereiro. Na ocasião, ela foi mandada de volta para casa e acabou desmaiando no mesmo dia, precisando de socorro e passando 12 dias hospitalizada na instituição médica do bairro Jardim América, que, posteriormente, a processou.

Fabiana Evangelista, filha de Damiana, detalhou o episódio em um vídeo, registrado pela defesa e enviado ao Portal 6.

“Ele [médico do primeiro exame] ainda fez um alerta, e se fez alerta é porque ele sabia que algo tinha acontecido com ela. Ele falou que podia ter perfurado sim e que, qualquer coisa, era para eu levar ela para o pronto-socorro. Já tem cinco meses que a gente está sofrendo esse pesadelo e ninguém faz nada”.

Segundo o laudo entregue à família, o profissional responsável  teria interrompido o procedimento alegando risco de perfuração. Sem guardar o tempo de observação, ele liberou a paciente e conversou com a filha dela, avisando da possibilidade de problemas.

“Hoje levo uma vida difícil, não sou a mesma. Não posso fazer nada, não posso ficar de pé mais, pois minha barriga dói direto e tenho que ficar deitada. É uma vida sem sentido, praticamente”, revelou Damiana.

Damiana permaneceu na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) por um dia e meio, e depois ficou mais 12 dias sob observação, passando a depender do uso de uma bolsa de colostomia.

A situação, que já era crítica, acabou se complicando ainda mais com a abertura do processo, por parte da unidade hospitalar responsável pela cirurgia de “correção”, para cobrá-la da cirurgia que lhe salvou a vida.

Após ser informada, Damiana enfartou no dia 07 de julho, uma semana antes da audiência do processo.

“Veio pelo correio, e a gente foi ver e lá estava essa dívida. Aí eu desmoronei mais ainda, enfartei. Fiquei preocupada, onde vou arrumar esse dinheiro, nem aposentada eu não sou. Acho que não fica barato não, só um medicamento foi R$ 3 mil”, relatou.

Ações

“A vítima está sendo processada pelo Hospital que prestou o atendimento e salvou a vida dela. E o médico, que causou toda essa situação, não teve capacidade de acompanhar a vítima e até hoje sequer entrou em contato para saber o estado dela”, afirmou Thiago Oliveira, advogado de Damiana.

Ele afirma ainda que, diante da dúvida sinalizada quanto ao erro, o médico deveria ter feito o mínimo acompanhamento do caso. Segundo o defensor, a intenção é obrigar o médico, por meio de uma ação cível, a custear as despesas tidas pela paciente, e também solicitar uma indenização pela dor e sofrimento causados à família.

O Portal 6 tentou contato tanto com o profissional quanto com a clínica, mas não obteve retorno.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade