Goianas presas injustamente na Alemanha recuperam malas após 6 meses

Kátyna Baíae e Jeanne Paolini foram acusadas de tráfico internacional de drogas

Folhapress Folhapress -
Goianas presas injustamente na Alemanha recuperam malas após 6 meses
Goianas presas injustamente na Alemanha recuperam malas após 6 meses. (Foto: Reprodução)

As brasileiras que tiveram as malas trocadas antes de embarcar e foram presas injustamente na Alemanha recuperaram os pertences nesta quinta-feira (7). Kátyna Baía, 44, e Jeanne Paolini, 40, foram acusadas de tráfico internacional de drogas.

Elas foram presas em Frankfurt acusadas de traficar 40 kg de cocaína. Permaneceram detidas durante 38 dias até serem liberadas após a comprovação que eram inocentes.

“É impossível não reviver tudo que aconteceu em cada desdobramento da investigação, mas hoje marca mais um passo para o fim da nossa independência emocional desse trauma”, afirmou Paolini, fazendo uma referência ao Dia da Independência no Brasil, em uma publicação nas redes sociais.

Em outro vídeo, elas falam sobre a importância da devolução dos pertences. “A entrega dos nossos pertences é muito importantes por questões pessoais, profissionais e também emocionais. É um dia de bastante emoção para nós”, diz Baía.

A advogada das brasileiras Luna Provazio explicou que, segundo o promotor alemão, o processo só será encerrado quando as autoridades brasileiras enviarem, pelo Ministério da Justiça e das Relações Exteriores, as recentes decisões e mandados de prisão da ação penal que está em andamento em relação à quadrilha responsável pelo tráfico de drogas que atuava no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Entenda o caso

O caso virou alvo da Operação Iraúna, da Polícia Federal em Goiás, que prendeu seis suspeitos de participarem do esquema que muda a identificação de malas para enviar drogas ao exterior.

O método de ação dos narcotraficantes, segundo as autoridades, consiste em retirar aleatoriamente etiquetas de bagagens despachadas e colocá-las em malas contendo drogas. A operação já era de conhecimento da PF, que investigava a quadrilha desde 2019 e há suspeita de ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo a PF de Goiás, as malas de Kátyna e Jeanne foram conferidas e separadas da esteira, em uma área restrita, por dois funcionários.

Eles retiraram a identificação, deixando apenas uma etiqueta com o peso das bagagens.

Na área de bagagens de viagens internacionais, um funcionário colocou as etiquetas das malas de Kátyna e Jeanne nas bagagens com drogas, aproveitando-se de um ponto cego nas câmeras. Todas as malas seguiram no voo para a Alemanha.

Duas mulheres chegaram ao aeroporto e entregaram as malas com cocaína a uma funcionária da Gol em um dos guichês, que admitiu fazer parte do esquema, segundo a TV Globo. A dupla deixou o aeroporto minutos depois.

A funcionária, segundo a emissora, é a pessoa que enviou as malas com droga para a área das bagagens. Procurada pela Folha, a companhia aérea disse que está à disposição das autoridades e que vai esperar a conclusão da investigação.

As malas com droga entraram na seção de bagagens de embarque doméstico, para evitar a fiscalização com raio X. De acordo com a PF, os itens foram, em seguida, desviados em um veículo para o terminal de voos internacionais.

As brasileiras foram presas em 5 de março, no aeroporto de Frankfurt, antes de terem contato com as bagagens.

No total, seis pessoas foram presas. Todas, segundo o delegado Bruno Gama, responsável na Polícia Federal de Goiás pela investigação, são de uma empresa terceirizada do aeroporto de Guarulhos (SP).

A GRU Airport, que administra o aeroporto de Guarulhos, disse que a responsabilidade das bagagens, do guichê à aeronave, é das companhias aéreas. Afirmou ainda que a informação sobre os funcionários presos, que segundo a PF eram terceirizados de Guarulhos, cabia à Polícia Federal.

A Latam, companhia responsável pelo voo de Kátyna e Jeanne, disse que acompanha o caso e colabora com as investigações.

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