Família ainda busca justiça 10 anos após morte de estudante durante festa universitária em Anápolis
Médico veterinário que o acertou pelas costas, atingindo o coração, vai a júri popular no próximo dia 07
Há mais de 3.650 dias, os familiares e amigos de Jehan Paiva, de 21 anos, assassinado por um médico veterinário durante uma festa universitária em Anápolis, sentem na pele o sofrimento pela perda. Agora, próximo do júri popular – marcado para o dia 07 de novembro – se mobilizam para a data.
10 anos e três meses separam a data do fato, quando a vítima foi atingida pelas costas, acertando o coração, com um canivete após um desentendimento. Ao Portal 6, José Paiva, de 60 anos, pai do rapaz, lamentou o desenrolar da situação e relembrou o caso.
“O Jehan seria o terceiro da família a se formar em odontologia. Apaixonado pelos estudos, era o sonho dele ser dentista. Ele já estava no último ano do curso e o crime aconteceu na jornada acadêmica da odontologia. O jovem que o acertou ficou preso por apenas sete dias e foi liberado por ser réu primário”, contou.
Segundo ele, na ocasião não foi possível chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Pela gravidade do ferimento, amigos correram com Jehan para o Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (HEANA). Apesar do esforço, o jovem não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade.
“Nas férias dele, ele trabalhava me auxiliando, era o sonho dele ser dentista. Tiraram ele de mim e faz muita falta, a mãe sofre muito mesmo. Por motivo banal tirarem a vida de um jovem assim, deveria ser inaceitável”, desabafou.
A prima, Kamilla Sena, que morava junto com Jehan em Anápolis, também relatou, em entrevista ao Portal 6, a comoção que tomou conta da UniEVANGÉLICA, onde ambos estudavam.
“Recebemos a notícia da liberação dele [do réu] durante a missa de sétimo dia, foi estarrecedor. A gente quer muito que o cara seja condenado porque ele seguiu com a vida normal. Ninguém deve sair carregando uma arma branca para um evento. Por entender de anatomia, como médico veterinário, ele desferiu um golpe muito certeiro”, pontuou.
Ainda segundo ela, a comunidade acadêmica se mobilizou após o ocorrido, além da população de Hidrolina de Goiás.
À época, a instituição emitiu uma nota de pesar, e o diretório acadêmico de odontologia foi nomeado em homenagem ao jovem. Dezenas de pessoas ainda fizeram uma manifestação pelas ruas do Centro de Anápolis, parando em frente à Central de Flagrantes.
“O Jehan era presidente da atlética do curso, que passou a batizar. Agora é a Atlética de Odontologia Jehan Paulo José de Paiva. Até a nova geração manteve, abraçou o caso, e a diretoria queria conhecer os familiares, o apoio que recebemos foi reconfortante”, relatou.
Linha do tempo
07 de junho de 2013 – Assassinato durante festa da Jornada Odontológica
08 de junho de 2013 – UniEvangélica emite nota de pesar
14 de junho de 2013 – É emitido Habeas Corpus e o assassino é liberado
12 de dezembro de 2014 – Audiência Pública no Fórum de Anápolis
19 de fevereiro de 2015 – Primeira audiência de instrução do processo de julgamento
04 de dezembro de 2018 – Audiência
11 de março de 2019 – Audiência
07 de novembro de 2023 – Júri popular
Nota de Pesar
“A UniEVANGÉLICA vem a público manifestar profundo pesar e imensa tristeza pelo assassinato do estudante de odontologia, Jehan Paulo José de Paiva, de 22 anos, ocorrido na noite desta sexta-feira, 07 de junho.
O caso deixa toda a instituição e a diretoria do curso de odontologia inconformada, pois é resultado do aumento da violência e agressividade entre os nossos jovens.
A UniEVANGÉLICA presta solidariedade à família do estudante e a toda turma a qual o jovem estava inserido no curso de odontologia.
A entidade de classe espera que o lamentável acontecimento mobilize as instâncias competentes dos Poderes, para que a segurança seja efetiva para os nossos jovens, e espera que a fé cristã possibilite um tempo de paz em nossa cidade e em nosso mundo.
Anápolis, 08 de junho de 2013.”