Anapolino conta momentos de terror vividos por imigrantes em país europeu

Ao Portal 6, jovem conta que brasileiros têm recebido mensagens em tom de ameaça sobre um possível novo ataque

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Lucas Gomes
Lucas Gomes. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Um cenário de guerra”. Foi essa a descrição feita pelo anapolino, Lucas Gomes, de 26 anos, ao se deparar com os protestos anti-imigração violentos, ocorridos na noite quinta-feira (23), em reação a um ataque que aconteceu na capital mais cedo no mesmo dia, em que três crianças e dois adultos foram esfaqueados no centro da cidade. 

Morador de Duleek, na Irlanda, há dois anos, o jovem revelou ao Portal 6 que tem vivido momentos de extremo temor, após ser vítima de ameaças por parte de alguns populares que têm manifestado o descontentamento com a estadia dos imigrantes no país. 

“A situação aqui para os brasileiros que moram em Dublin está bem complicada. Tem muito áudio rondando, nos grupos da comunidade brasileira de grupos extremistas que são contra imigrantes, de ódio. Tem um áudio circulando falando que hoje às 20h eles vão estar na rua para matar os imigrantes”, disse. 

Em uma mensagem enviada por um suposto integrante do grupo extremista, o mensageiro afirma que os demais populares devem colocar medo para que os imigrantes voltem “correndo para casa”. 

“Saí correndo porta afora ontem à noite, esqueci todas as minhas coisas e tudo mais. Estava furioso. Sim, isso não pode parar, rapazes, precisamos seguir em frente até que algo seja feito, se colocarmos medo nesses imigrantes, eles voltarão correndo para casa. Devíamos ir ao escritório de auxílio-desemprego, muitos daqueles viados [sic] estão lá roubando nosso dinheiro e recebendo o dobro da quantia que recebemos enquanto riem de nós. Devíamos derrubá-los”, diz o conteúdo. 

Lucas ainda relata que devido a onda de ataques decidiu sair da cidade onde vive para buscar pessoas que estavam na região próxima a Dublin, por conta de uma paralisação no transporte coletivo. No entanto, a cena vista por ele foi considerada caótica. 

“Eu sai da minha cidade para ir buscar pessoas da minha região porque o transporte parou. A situação lá é caótica. Eles botaram fogo na imigração, no hotel de refugiados e hoje tá tendo muita ameaça em grupos. […] Eles querem que o governo coloque todos os imigrantes para fora”, diz. 

O jovem afirma que, durante a ocasião, a polícia do país não foi capaz de controlar as pessoas e que a situação teria fugido do controle. 

No entanto, de acordo com Lucas, essa não é a primeira vez que populares se revoltam contra imigrantes e que ele mesmo, inclusive, teria sido vítima de comportamentos violentos em agosto de 2022. 

“Já tacaram pedra no meu carro, já vieram pra cima de mim no centro de Dublin. […] É insustentável. A coisa saiu fora do controle e a polícia não consegue controlar, porque aqui a polícia não usa arma, são poucos os policiais que usam. Tiveram que chamar o exército para controlar as pessoas”, completou.

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