Mães denunciam filas extensas e espera de mais de 7h na UPA Pediátrica

Pais e filhos foram levados à exaustão com demora para atendimento e liberação de exames

Davi Galvão Davi Galvão -
Mães denunciam filas extensas e espera de mais de 7h na UPA Pediátrica
Registro da UPA completamente lotada. (Foto: Davi Galvão)

Filas extensas, choros, gritos e até mesmo falta de lugar para se sentar. Esta segunda-feira (1º) marcou um dia bastante conturbado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Pediátrica Dr. Lineu Gonzaga Jaime, localizada no bairro Maracanã, em Anápolis.

Após uma série de denúncias, o Portal 6 esteve presente no local, por volta das 17h30 e constatou a situação alarmante. Com todos os assentos do interior ocupados, assim como as cadeiras do lado de fora, pais, mães e avós aguardavam, exaustos, o atendimento para dezenas de crianças.

Uma mãe, que acompanhava o filho, preferindo manter o anonimato, contou que deu entrada na unidade por volta de 11h, após o pequeno, de pouco mais de um ano, apresentar febre e muita fraqueza. Seis horas depois, ela ainda aguardava a liberação dos exames e um novo atendimento, para determinar o que afligia o bebê.

“A triagem até que não demorou, mas chegou na hora do almoço, ficou quase que travado o atendimento. Falaram lá [apontando para a recepção] que estava em horário de almoço e eram só dois profissionais atendendo, isso com a casa lotada”, denunciou.

Roseni Maria da Silva, de 48 anos, deu entrada na UPA às 10h, mas contou que só foi conseguir atendimento para o neto, Hudson, de apenas 07 anos e com suspeita de dengue, às 16h30, mais de seis horas após ter chegado.

“Me falaram para ficar aqui, porque ia ter que esperar o resultado do exame. Pelo jeito que as coisas estão aqui, eu tenho certeza que antes das 23h eu não saio”, lamentou.

Interior da UPA Pediátrica. (Foto: Davi Galvão)

Amanda da Silva Pereira, de 24 anos, também estava em uma situação semelhante. Carregando no colo Anthony, de 09 meses, ela revelou estar desesperada com o pequeno, que apresentava febre alta e diarreia desde a madrugada.

Acompanhando-a, estavam o marido e o outro filho, dormindo no carro, tamanho o desgaste para conseguirem atendimento.

“Meu menino a gente comprou uma pipoca para ele não ficar com fome, mas não tem o que fazer. Vou pedir para eles irem para casa e eu fico aqui, acho que até mais de 22h eu ainda vou estar esperando ainda. Não é justo com meu outro filho ficar aqui nesse descaso”, desabafou.

“A gente se sente frustrado né, pagando imposto certinho e aí quando precisa, é essa bomba”, continuou.

Fila no lado de fora da UPA Pediátrica. (Foto: Davi Galvão)

Para Fernanda Aquilo, também aguardando atendimento para o filho Levi, de 01 ano e 07 meses, o sentimento é só um: revolta.

“A saúde tá uma m#rda, prefeito cag0u para a saúde. Podia levantar a bunda, ver o que está acontecendo, mas não, se ele precisar vai na hora para um particular e o pobre que se f#da”, afirmou, bastante irritada.

Apesar das reclamações, todos os entrevistados garantiram que, ao menos, o atendimento por parte da equipe médica, assim que eram admitidos no consultório, era de fato feito de maneira profissional e humana, mas que a demora para tal era insustentável.

O que diz a FUNEV

Em nota ao Portal 6, a Fundação Universitária Evangélica (Funev) informou que o tempo de espera esteve dentro do previsto no protocolo de classificação de risco – sendo em média 50 minutos para pacientes urgentes e de 1h55 para casos pouco urgentes ou sem urgência.

Além disso, ela apontou que a unidade contou com seis médicos até as 17h, e sete médicos a partir das 17h.

Por fim, a Funev indicou que o alto volume de pacientes no período é esperado nesta época do ano, com pico no atendimento de viroses provenientes da volta às aulas e da incidência de dengue.

Confira a nota na íntegra:

A Fundação Universitária Evangélica – Funev, informa que na data de hoje, 01 de abril de 2024, das 7hs até as 18h15, a Upa Pediátrica realizou 448 atendimentos médicos (atendimento e reavaliação).

O tempo de espera esteve dentro do previsto no protocolo de classificação de risco, sendo o tempo médio de atendimento de pacientes amarelos de 50 minutos, azuis e verdes de 1 hora e 55 minutos, com alguns picos pontuais.

Atualmente, além da demanda rotineira, é um período de sazonalidade na pediatria, com pico de atendimento de viroses provenientes da volta as aulas, e período de dengue. Especificamente hoje, o retorno de feriado também gerou impacto no volume de atendimentos.

Destacamos ainda, que o alto volume de pacientes no período, também é observado em outras unidades, tanto municipais e estaduais, quanto em unidades privadas.

Além do dimensionamento padrão, nos momentos de picos de atendimento, na data de hoje, a unidade contou com 6 médicos até as 17h, e 7 médicos a partir das 17h.

Ressaltamos, que o tempo para atendimento previsto no protocolo de classificação de risco, segue a seguinte padronização:

– Vermelho – imediato
– Laranja – <15 minutos
– Amarelo – <60 minutos
– Verde – <3 horas
– Azul – <5 horas

Ressaltamos ainda, que na data de hoje (01 de abril de 2024), os pacientes classificados como azuis e verdes representaram 81% dos pacientes atendidos, e que após a restruturação da atenção primária no Município, estamos trabalhando com uma conscientização para que esses pacientes busquem atendimento nas Unidades Básicas de Saúde, diminuindo a sobrecarga das unidades de urgência e emergência, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, mas que devido a reconhecida resolutividade do serviço, a conscientização vem avançando gradativamente.

Ressaltamos também, o nosso compromisso com a saúde e o bem-estar da população e nos colocamos a disposição.

 

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