Prefeitura e Quebec têm prazos para prestar contas de mais de 40 pendências no aterro sanitário de Anápolis

Algumas delas são de fundamental importância para o meio ambiente e seguranca da saúde de quem mora nas proximidades

Davi Galvão Davi Galvão -
Prefeitura e Quebec têm prazos para prestar contas de mais de 40 pendências no aterro sanitário de Anápolis
Anápolis perdeu a licença para operar o aterro sanitário da cidade. (Foto: Elvis Diovany/Portal 6)

Após diversas polêmicas e denúncias acerca da atual situação do aterro sanitário de Anápolis, a Quebec Ambiental, responsável pela gestão das instalações, e a Prefeitura, que fiscaliza as operações, devem prestar contas à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) acerca dos procedimentos adotados.

O Portal 6 obteve acesso ao último parecer técnico emitido pela SEMAD, que especifica quais pontos ainda devem ser comprovados e os respectivos prazos de cada um.

No documento, constam 42 exigências que a empresa deve garantir que estão sendo seguidas, a fim de manter a segurança das instalações e também a preservação ambiental.

Trecho do parecer técnico emitido pela SEMAD. (Foto: Reprodução)

Em entrevista à reportagem, o promotor titular da 15ª Promotoria de Justiça da Comarca de Anápolis, Alberto Francisco Cachuba Júnior, explicou que isso não quer dizer que a Quebec deixou, necessariamente, de realizar todas as obrigações listadas.

A relação, na verdade, contempla todas as demandas que precisam ser comprovadas ante a SEMAD – sejam elas passíveis de mudança ou já realizadas, mas não comprovadas em alguma fiscalização da pasta.

Imagem mostra aterro sanitário ao fundo, vizinho da chácara de Dona Rosana, em Anápolis. (Foto: Elvis Diovany/Portal 6)

Dentre os tópicos, destaca-se a ausência de pontos relativamente básicos em instalações similares, que vão desde a necessidade de um Plano de Recuperação de Área até a cobertura dos resíduos nas trincheiras para evitar a atração de animais.

Além disso, são exigidos diversos termos e relatórios técnicos que comprovem que o aterro não oferece risco às pessoas do entorno ou ao meio ambiente.

Cada tópico determina um tempo específico para que as exigências sejam cumpridas, a depender do grau de complexidade.

Má gestão já fez Prefeitura perder a licença

Vale lembrar que, como já divulgado pelo Portal 6, a Prefeitura havia perdido a licença para operar o aterro sanitário da cidade, ainda no mês de março.

De acordo com a SEMAD, a revogação da permissão foi motivada por uma ampliação irregular, sem a realização do devido licenciamento ambiental.

Na visão do ex-secretário de Meio Ambiente de Anápolis na época da instalação do aterro sanitário, em 2010, Luiz Henrique Ribeiro, algumas das possibilidades que impediram a renovação da licença foram a falta de adequação para atender as condicionantes exigidas.

Dando exemplos, ele citou a não construção de novos espaços para tratar o solo, necessidade que surgiu em virtude do aumento populacional registrado na cidade, que também teve como consequência a produção de mais lixo.

Vidas impactadas

Portal 6 também já fez uma série de reportagens retratando o impacto que a tal ampliação do aterro sanitário causou na vida de quem mora ao redor.

Além de por em xeque as nascentes da região e o próprio solo, as instalações destruíram a vida da família de Dona Rosana, que é vizinha do aterro.

Imagem mostra antes e depois de local onde passava a nascente de um córrego na chácara de Dona Rosana (Foto: (Arquivo Pessoal/Portal 6)

Moradora da região há mais de duas décadas, ela viu tudo pelo que lutou lhe ser tirado quase que do dia para a noite, sem que a administração pública lhe oferecesse qualquer forma de ressarcimento.

Falta de respostas

O Portal 6 tentou, ao longo das últimas semanas, conversar com autoridades da cidade para tentar entender melhor o que pode ser feito com relação ao problema, tanto na esfera do perigo ambiental, quanto na das vidas afetadas.

A Prefeitura de Anápolis – como já de praxe nos últimos meses – sequer respondeu às solicitações da equipe de reportagem.

Já a Câmara Municipal de Anápolis, por meio da Comissão de Urbanismo e Meio Ambiente, presidida pelo vereador Frederico Godoy (SD) e tendo como vice-presidente o vereador Jakson Charles (PSB), foi procurada por diversas vezes, mas também não comentou o episódio.

A Ordem dos Advogados Brasileiros (OAB) de Anápolis atendeu à solicitação de entrevista da reportagem, mas afirmou que só poderia se pronunciar após analisar os pormenores do caso e os respectivos desdobramentos oficiais – no que tange o problema coletivo, já que os casos individuais tramitam na Justiça isoladamente, impossibilitando assim a ação específica da OAB. O espaço segue aberto.

Já a SEMAD não respondeu nenhum dos questionamentos, deixando claro que qualquer dúvida ou questionamento com relação ao aterro deveria ser solicitada via Lei de Acesso à Informação (LAI) – mecanismo que permite a qualquer cidadão receber dados públicos.

Por fim, o Ministério Público de Goiás (MPGO), que atendeu e respondeu aos questionamentos do Portal 6, sustentou que segue acompanhando e fiscalizando os próximos movimentos, a fim de garantir que a Quebec e a Prefeitura cumpram com os prazos fornecidos pela SEMAD.

*Colaborou Caio Henrique.

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