Especialistas goianas fazem alerta sobre ‘falso Crossfit’ e como evitar lesões
Assunto ganhou força após vídeos de pessoas se machucando durante atividades viralizarem nas redes
Divisor de opiniões entre os defensores da modalidade e aqueles que ‘passam longe’, a prática de Crossfit se tornou uma espécie de tendência e se popularizou pelos treinos divergentes dos já praticados em academias tradicionais.
Se por um lado o treinamento faz sucesso e apresenta bons resultados corporais, por outro a modalidade também vem causando receio pelo aparecimento de lesões ocorridas durante as aulas.
A situação ganhou mais força após alguns vídeos viralizarem nas redes sociais mostrando pessoas se machucando durante a atividade, o que fomentou discussão entre fisioterapeutas.
Em entrevista ao Portal 6, a fisioterapeuta de Goiânia, Jessiane Santos, reforça que, em boa parte dos casos, as lesões são decorrentes da falta de acompanhamento de profissionais aliado à ausência de conhecimento da técnica da execução do exercício por parte do aluno.
Ela explica que a maioria dos praticantes deseja resultados rápidos, o que resulta em execuções erradas e que, por vezes, não são acompanhadas por professores.
“O que acontece é que as pessoas querem evoluir muito rápido. É preciso antes saber a técnica, ter a habilidade, e no caso, muitas pessoas chegam querendo fazer exercícios que não conseguem”, explica.
Segundo ela, as regiões com maiores ocorrências de ferimentos são o ombro e a coluna lombar, que são as mais usadas nesse tipo de modalidade.
A consequência pode ser explicada pelos movimentos repetitivos e dos pesos com cargas elevadas, que exigem maior força em alguns membros do corpo.
“As pessoas machucam muito o ombro porque tem que pendurar barra e fazer outros exercícios com movimentos repetitivos. A coluna lombar também é bastante afetada, que é o local onde as pessoas pegam o peso do chão, por exemplo. São lesões muito comuns, mas que surgem por imprudência das vezes em que um profissional não acompanha”, ressalta.
Em meio à polêmica ainda há outra modalidade com nome semelhante, mas que segue outra linha: Cross Training.
À reportagem, a dona da NBK CrossFit Anápolis, Noeli Barbosa Gonçalves, reforça que o Crossfit é uma metodologia estadunidense que requer uma série de requisitos para que uma academia seja fundada, como a aprovação em uma prova, atuação de profissionais com bacharelado em Educação Física e presença de dois professores a cada 10 alunos.
Já o Cross Training segue uma linha contrária, oferecendo exercícios funcionais variados, mas sem exigir o cumprimento dessas obrigações.
“O Crossfit é uma marca que, para eu ministrar, é preciso estudar e cumprir várias exigências e requisitos. O pessoal do Cross Training, na maioria, não são nem graduados em Educação Física, e aí o aluno não tem conhecimento e machuca por vários fatores. Um deles é pela falta de professores não qualificados”, reforça.
Outra diferença, segundo ela, é em relação às atividades. Enquanto o Cross Training trabalha apenas na performance, o Crossfit segue uma espécie de ‘pirâmide de preparação’ que vai desde a alimentação, correção dos movimentos até a etapa final – que é a performance.
Mesmo com as diferenciações, tanto a fisioterapeuta quanto a empresária concordam que, assim como outros esportes, ambas as modalidades podem causar lesões a depender das execuções e do acompanhamento.
“As lesões podem acontecer em qualquer lugar, mas você tendo uma boa base, sabendo a técnica certa e acompanhamento, você reduz as chances de uma lesão”, ressalta a fisioterapeuta de Anápolis, Mayara Jenniffer.
Para evitar esse tipo de acontecimento, ela orienta que os praticantes e interessados em iniciarem em uma das áreas busquem unidades com profissionais qualificados e devidamente orientados.
“É preciso procurar uma boa unidade, em que os professores sejam adequados, tenham certificação, uma boa base e, um dos requisitos mais importante, que o professor tenha o conhecimento necessário para aquele esporte”, finaliza.