Região da 44: ambulantes lotam ruas e comerciantes reclamam de queda de até 40% nas vendas
Ao Portal 6, trabalhadores da região revelam como está situação da região com a proximidade do Dia das Mães
A expectativa de aumento das vendas coma proximidade do Dia das Mães – a segunda melhor data para comércio do ano – se transformou em um ‘balde de água fria’ para lojistas que atuam na região da 44, em Goiânia.
Mas, se por um lado os lojistas apontam queda no faturamento, o presidente da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), Lauro Naves, sustenta um bom momento e revela que vão circular mais de R$ 1 bilhão na região. No entanto, ambos entram em acordo a respeito de uma mesma preocupação: o aumento da presença de ambulantes.
Os camelôs vêm sendo apontados como uma preocupação pelos lojistas e pela associação, que os acusam de gerar uma concorrência desleal ao oferecerem produtos mais baratos e impedirem o livre acesso dos clientes às lojas.
“Deixamos de contratar pessoas temporárias para a data porque o ambulante está na rua. O ambulante estando na rua, a gente deixa de vender mais. Ele está tirando o emprego daquelas pessoas que querem trabalhar e ele é hoje o nosso maior problema. […] Isso gera insegurança, não tem segurança para as pessoas transitarem, tem problema de limpeza urbana e toda a roupa que esse ambulante vende ele está tirando uma chance de venda de um lojista”, disse Lauro ao Portal 6.
A mesma opinião é defendida pela proprietária da loja Vanusa Lima Store, Vanusa Pereira Lima, que tem sentido no bolso o impacto e também atribui parte da queda na procura das vendas aos ambulantes.
Já na região há 07 anos, ela afirma que o acúmulo de camelôs nas ruas da 44 causam tumulto e, principalmente, dificultam o acesso das pessoas até as lojas, o que contribui para queda nas vendas.
“O pessoal que fica nas ruas atrapalham. Eles vendem basicamente a mesma coisa que a gente vende aqui e eles não têm despesas. Eles ficam atrapalhando e tumultuando colocando os produtos deles na rua e acaba que os clientes ficam com preguiça de vir nas lojas e procuram os ambulantes”, diz.
No entanto, para a profissional, a queda nos atendimentos não se deve apenas a circulação de ambulantes na região e vem ocorrendo há uma certa frequência, inclusive nas vendas online.
Segundo Vanusa, ao comparar com o mesmo período do ano passado, a loja teve uma queda de 40% nos lucros e que, no momento, ela tem optado por diminuir a produção para manter a loja funcionando.
“As vendas caíram bastante. A gente não tá fabricando tanto, a minha produção caiu bastante, porque a gente fica com medo de comprar e não vender. Meus vizinhos estão reclamando, umas 04 lojas aqui no meu corredor já fecharam”, dispara.
Quem também aponta a mesma situação é a vendedora da loja Silvia Crochê, Marluce Felizardo.
Durante os sete anos que trabalha na 44, ela afirma que o período enfrentado no momento é considerado assustador e que nunca havia vivenciado uma queda brusca nas vendas como agora.
“O mês de maio para nós é muito semelhante a dezembro, por ser bem movimentado. Mas as vendas caíram demais e todos os lojistas comentaram. Eu nunca vi uma situação assim. Não tem movimento nenhum, os atacados sumiram e o varejo vem de forma bem ‘pingada’ para gente”, dispara.
A situação tem sido tão grave que, de acordo com ela, os donos do estabelecimento já afirmaram que, caso a situação não melhore, eles irão migrar para a confecção.
“Eles [meus patrões] já falaram que se não melhorar a gente vai para a confecção. Não tá dando para bater metas nem no presencial e nem no online e olha que a gente investe muito no online”, alega.
Na contramão…
Lauro afirma que as situações são casos isolados e que a previsão é que a região receba R$ 1,5 bilhão durante a data.
De acordo com ele, atualmente, o local abriga mais de 15 mil lojistas e que boa parte das lojas estão com bom desempenho ao longo do período. Para ele, os comércios que estão enfrentando uma situação difícil podem não estar investindo adequadamente no virtual.
“O que acontece na região da 44 não é só na 44 e sim no mercado no Brasil. O primeiro passo é a gente entender que o mercado mudou. A gente precisa qualificar essas pessoas, não é só investir, mas saber investir na internet. Melhorar a qualificação dos vendedores e efetuar uma melhor metologia”, explica.
Ele complementa afirmando que grande parte do comércio migrou para o online e que, por isso, há uma sensação de que a região esteja recebendo menos pessoas.
“As pessoas estão comprando mais pela internet e a região da 44 tem se preparado para isso. Hoje em torno de 80% das encomendas são pela internet. A pessoa vem, conhece a loja pelos canais digitais e automaticamente a gente recebe menos pessoas nas ruas e passa a percepção que não está vendendo. Nós temos uma região que tem 15 mil lojas e esse percentual de pessoas reclamando é mínimo”, conclui.