Uber desativa conta de motorista que se recusou a levar passageira trans em Goiânia

Ao Portal 6, vítima contou que estava indo ao trabalho quando foi impedida de subir na moto: "me senti no fundo do poço"

Jordana Viana Jordana Viana -
Em imagens. vítima contou estar muito abalada com a situação. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Nesta segunda-feira (17), um caso de transfobia foi relatado em Goiânia. Na ocasião, uma jovem teria solicitado uma viagem de moto pelo celular da mãe por meio do aplicativo da Uber, para ir para o trabalho.

Ao Portal 6,  Liz Faria de Souza, de 22 anos, explicou que tudo começou quando chamou uma motociclista, que desde o início teria tido um tratamento diferenciado com ela.

“Ela me olhou de cima a baixo e perguntou meu nome. Se era meu nome mesmo, ou da minha mãe. Aí ela perguntou se eu era trans, eu respondi que sim, então ela virou para mim e disse que ‘não ia levar homem’ porque eu era trans”, relatou.

Injuriada, a jovem resolveu pegar o celular para registrar a cena. Contudo, a mulher teria ficado assustada quando percebeu que estava sendo filmada.

Com insegurança, a atriz explanou sobre a sensação de medo que surgiu na hora, incluindo o receio de ser agredida ou ter o telefone celular danificado.

“Eu tive medo dela vir para cima de mim, quebrar meu celular, mas eu não iria apanhar quieta. Medo dela eu não tive, só tive nojo”, finalizou.

Apesar disso, Liz contou que a situação a deixou abalada e que, naquele momento, se sentiu exposta diante das afirmações preconceituosas da motociclista.

“Eu estou podre por dentro, me sinto no fundo do poço. Essas situações nos abalam, atingem nossa autoestima. Tem dias que a gente se arruma um pouco mais, se maquia, se sente o máximo, mas aí vem uma situação dessas e nos derruba de volta para o fundo do poço. Ela me colocou nesse lugar hoje”, disse, indignada.

Após o crime, a jovem registrou o caso de transfobia na Delegacia Estadual de Atendimento à Vítima de Crimes Raciais e Intolerância (DEACRI). Agora, o caso será investigado pelas autoridades competentes.

Em resposta ao Portal 6, a Uber afirmou que a motociclista envolvida na situação teve a conta desativada e se colocou à disposição das autoridades para ajudar nas investigações do ocorrido.

Além disso, a empresa pontuou que ofereceu um canal de apoio psicológico para Liz. Confira a nota na íntegra a seguir:

A Uber defende o respeito à diversidade e reafirma o seu compromisso de promover igualdade e justiça para todas as pessoas LGBTQIAPN+. A empresa considera inaceitável qualquer tipo de discriminação e informa que a conta da motorista parceira foi desativada assim que tomamos conhecimento do ocorrido. Em casos dessa natureza, a Uber fica à disposição para colaborar com as autoridades e compartilhar informações sobre os envolvidos, observada a legislação aplicável. Além disso, em parceria com o MeToo, a Uber disponibiliza um canal de suporte psicológico, que foi oferecido à usuária.

Sabemos que o preconceito, infelizmente, permeia a nossa sociedade e que cabe a todos nós combatê-lo. A Uber assinou o termo “10 Compromissos para Proteção de Direitos das Pessoas LGBTQIA+ em Aplicativos de Mobilidade” junto ao Governo Federal e, como parte desses esforços, a empresa vem lançando diversos conteúdos educativos contra LGBTQIAPN+fobia, por exemplo, o Guia do Aliado em parceria com a TODXS e o podcast Fala Parceiro de Respeito, em parceria com a Promundo.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade