Nas Cavalhadas, Mascarados promovem uma nova versão de Goiás
Figuras folclóricas são a representação do povo que reinventa as festas e tradições
Em Goiás, uma das manifestações culturais mais expressivas dos goianos está intimamente ligada à religião. As Cavalhadas, manifestação tradicional cristã que traz a encenação da batalha entre mouros e cristãos, é esta expressão de que estamos falando. A cavalo, homens vestidos de vermelho representam os mouros e, de azul, os cristãos. A batalha acontece em diversas regiões do Brasil, mas, em Goiás, a força dela surpreende muita gente.
Em uma encenação de fé, homens reproduzem uma história que deixa marcas profundas na construção coletiva dos goianos. Para muitos, ser cavaleiro é uma missão das mais nobres, consagrada pela igreja e venerada por aqueles que perpetuam a tradição ano após ano, acompanhando as corridas, ajudando na festa e se preparando para participar de forma mais popular. É dessa participação que quero falar hoje.
Na festa da vida, a contradição é a beleza do fato e, nas Cavalhadas, a contradição se desenha na estrutura de um personagem especial: os Mascarados. Não se sabe ao certo como surgiram, mas há algumas teses interessantes. Escolhi acreditar na que diz que o Mascarado é um personagem folclórico criado pelo povo que desejava participar da festa, mas que não tinha recursos financeiros suficientes para manter um cavalo e preparar as suntuosas fantasias de cavaleiros.
Decidi acreditar nisso porque a olho nu é isso que se vê. No cavalhódromo, os Mascarados se expressam politicamente, religiosamente e culturalmente. Sem medo e em uma brincadeira que envolve a diversidade que pulsa nos corações de qualquer casa. Debaixo das máscaras, gente de todos os credos e classes sociais reafirma a brincadeira, a festa e o segredo como espaço de liberdade incondicional. Os Mascarados são a representação do povo que reinventa as festas e tradições.