Goiás enfrenta pior seca dos últimos 44 anos e especialistas revelam o reflexo no dia a dia dos goianos
Estiagem torna as temperaturas ainda mais quentes, causa a devastação da vegetação e pode provocar carestia de itens básicos do dia a dia
Não é impressão. Goiás está na lista das 16 unidades da federação que enfrenta o pior período de seca em 44 anos, segundo um levantamento do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). Estiagem que torna as temperaturas ainda mais elevadas, causa a devastação da vegetação e podem provocar a carestia de itens básicos do dia a dia.
Especialistas ouvidos pelo Portal 6 também concordam na severidade da seca em 2024. “Em pouco menos de 100 anos, o ambiente foi alterado de maneira desenfreada”, cita o geógrafo especialista em combate a incêndios florestais, Juliano Cardoso.
Para o professor doutor do Departamento de Ecologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Fausto Nomura, as mudanças climáticas são globais como consequência do acúmulo da degradação ambiental dos últimos 50 anos.
Entretanto, muito mais que a queda da qualidade do ar e imagens desérticas observadas ao longo das estradas que cortam o estado, outro dado que os especialistas concordam é que a mudança climática vai dor no bolso dos goianos – com a precificação mais elevada de itens básicos do dia a dia da população, provocada pela escassez dos recursos por conta da seca. “Se faltar pasto e terra fértil, os insumos de toda uma cadeia produtiva aumentam”, lembra o geógrafo.
Vale ressaltar que Goiás é um dos maiores produtores de grãos do país e uma eventual quebra de safra pode trazer sérias consequências econômicas em todas as cadeias do estado.
Fausto complementa que a devastação ainda causa danos financeiros indiretos. “Quando se fala em doenças respiratórias, onde se gasta com remédios”, cita.
Perspectivas
Os especialistas chamam a atenção para a responsabilidade individual das pessoas, no sentido de minimizar os efeitos de períodos de seca prolongada. ”O que você faz enquanto cidadão para preservar o meio ambiente. Ações individuais, como a queima de folhas, somadas, se tornam macro”, responde Cardoso. “Quantas árvores a gente planta por ano. Falar menos e agir mais. Largar da militância virtual e partir para o campo”, complementa.
Já Nomura destaca um ponto positivo em meio à severidade da seca em Goiás. “Na última semana, Goiás foi reconhecido como sendo um dos estados mais eficientes no combate ao desmatamento pelo MapBiomas. “A equipe tem feito um bom trabalho, mas no clima, a escala corta. É preciso aplicar ações coordenadas”, conclui.