Família que vive com um salário mínimo teme perder todo dinheiro investido em casa do “Meu Lote, Minha História”

MP solicitou que a distribuição de lotes fosse suspensa, pois o programa habitacional não teria considerado os eventuais impactos ambientais

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Moradora teve de interromper obras, após determinação do Ministério Público. (Montagem: Reprodução/Instagram)
Moradora teve de interromper obras, após determinação do Ministério Público. (Montagem: Reprodução/Instagram)

Uma moradora de Anápolis tem vivido momentos de angústia após a casa, que estava sendo construída no terreno conseguido através do programa habitacional da Prefeitura de Anápolis “Meu Lote, Minha História” ser embargada pelo Ministério Público de Goiás. Agora, ela e a família – composta pelo marido e três filhos, vivem um drama duplo – perder o investimento suado de toda uma vida – R$ 55 mil – e ainda não ter onde morar.

Ao Portal 6, Kaisy Cristinne Lemos dos Santos explicou que ganhou o terreno no “Meu Lote, Minha História” – próprio para população de baixa renda – no bairro Las Palmas ainda no ano passado.

De lá para cá, com o salário de servente de pedreiro – única fonte de renda do grupo familiar – apostaram na construção da casa – e ainda precisaram contrair empréstimos, se endividando, para levantar uma estrutura adequada para viverem. Nesse intervalo, foram aplicados cerca de R$ 55 mil.

Contudo, desde que se estabeleceu na região – onde mora com o marido e os três filhos – ela recebe ameaças de vizinhos, dizendo que eles deveriam se mudar dali e que o terreno estava embargado.

Porém, conforme ela, a família consultou a Prefeitura de Anápolis, que assegurou não haver irregularidades e que eles estavam livres para construir no loteamento.

Meses se passaram sem que nenhuma notificação chegasse ao local. Contudo, há cerca de uma semana, toda essa luta corre risco de ir por água abaixo.

Isso porque um funcionário do MPGO foi à porta da residência, com uma ordem judicial, afirmando que havia sim um embargo – o que impede a continuidade da construção no local. Desde então, a moradora tentou contato novamente com a Prefeitura, mas não houve respostas.

Situação perigosa

O impedimento de se continuar construindo no terreno ainda tem mais uma camada. Isso porque um dos três filhos dela, um garotinho de 09 anos, exige cuidados especiais.

“Ele é autista e ainda não entende os perigos. Aqui passa uma linha de ônibus e muitas vezes ele corre para a rua, correndo risco de ser atropelado. Uma vez, uma vizinha minha pegou ele 6h do lado de fora, para o ônibus não atropelar ele”, explicou.

A família tinha, inclusive, comprado um portão para instalar na frente do imóvel. No entanto, com a impossibilidade de seguir construindo, o risco continuará por tempo indeterminado.

“Eu não posso colocar o portão, pois tenho medo de perder tudo o que eu já coloquei aqui. Era para a prefeitura ter colocado uma placa aqui e notificado a gente, só que nada disso eles fizeram”, concluiu.

À reportagem, Kaisy afirmou que terá uma reunião com o prefeito Roberto Naves na tarde desta quarta-feira (04), onde seriam dadas maiores explicações sobre a situação atual do terreno.

Posicionamento

Em vídeo, publicado pelas redes sociais, o Procurador-Geral do Município, Carlos Alberto Fonseca, afirmou ter sido surpreendido pela decisão do MPGO, que suspendeu a concessão e novos sorteios do Meu Lote, Minha História nos bairros Las Palmas, São Jerônimo e Residencial Rio Jordão.

“Nós fizemos uma linha do tempo mostrando que nós desafetamos todas as áreas, atendemos todas as recomendações do Ministério Público e estamos buscando a solução junto ao Tribunal de Justiça ou junto ao Juiz de Direito local.

Carlos Alberto pontuou também que nos próximos dias espera ter a solução pronta e tranquilizou os beneficiários dessas áreas, afirmando que eles “não ficarão no prejuízo”.

Conforme apurado pelo Portal 6, o MPGO solicitou que a distribuição de lotes fosse suspensa, pois o programa habitacional não teria considerado os eventuais impactos ambientais causados aos moradores dos bairros, além da ausência de equipamentos públicos nas três localidades.

*Colaborou Karina Ribeiro 

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