Pacientes ortopédicos em Goiânia enfrentam via-crúcis e precisam rodar até 80km para serem atendidos

Profissional da capital explica peregrinação local, dificultada por inoperância de unidade de referência

Paulo Roberto Belém Paulo Roberto Belém -
Pacientes ortopédicos em Goiânia enfrentam via-crúcis e precisam rodar até 80km para serem atendidos
Unidade está há mais de um ano inoperante por conta de reforma (Foto: Captura/TV Anhanguera)

Se você tiver que recorrer ao pronto atendimento na área de ortopedia em Goiânia, atualmente, prepare-se para enfrentar uma verdadeira via-crúcis e fazer uma viagem dentro da cidade de mais de 80 km. Isso é o que informa um profissional da área, que não quis se identificar, mas que trabalha na rede municipal da capital há 10 anos.

Ele explicou que há falta de equipes completas, equipamentos, medicamentos e insumos nas unidades referência, sendo as Upas Noroeste e Itaipu, além do Cais Jardim Novo Mundo.

“Temos observado que há falta de profissionais. Quando tem ortopedista, não tem técnico de imobilização, quando não falta o raio-x. Normalmente, nunca se encontra os três em operação, sem contar as medicações e insumos”, citou.

Por isso, para um paciente receber o tratamento efetivo, precisa ficar ‘pingando’ em diversas unidades de saúde até a assistência ser completa.

“Chegamos com ele na Upa Noroeste, tinha raio-x, mas sem ortopedista. Andamos 28 km para chegar à Upa Itaipu, onde foi atendido. Voltamos na Noroeste para o exame, mais 28 km, Após o procedimento realizado, voltamos para a Upa Itaipu, para o médico atender, mais 28 km”, relembrou um caso recente.

Ele acredita que a situação seja reflexo da não integralidade do serviço nas unidades colocadas como referência por conta da interrupção do atendimento do Centro de Referência em Ortopedia e Fisioterapia (CROF), do Setor Aeroviário, por conta de uma reforma.

“Muito difícil a questão para todos. Pegar uma vítima na saída para Goianira e não poder levar para a Upa Noroeste porque não tem ortopedista, por exemplo, é uma situação muito difícil”, entende.

O profissional cobra pela efetividade do atendimento nas unidades referência, mas, principalmente, reivindica o retorno do atendimento do CROF, que está sem operação há mais de um ano. “Deixar os extremos e voltar para a centralizada”, ponderou.

Lapso nas trocas de plantão

Outra situação denunciada, é quanto às trocas de plantão. Segundo ele, está tendo um “apagão” no atendimento de até 2h, próximo a esse momento do dia, comum em uma unidade de saúde.

“Por motivos profissionais, os médicos, enfermeiros e outros da cadeia têm saído mais cedo para se deslocar para assumir expediente em outra unidade e vice-versa. O que acontece? Às 7h e 19h você não encontra atendimento nas unidades”, levantou.

Prefeitura de Goiânia

Questionada se as unidades conseguem realizar todos os procedimentos inerentes a uma fratura, por exemplo, em qualquer uma das unidades citadas, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia não garantiu a efetividade.

A pasta justificou que está trabalhando pelo dimensionamento adequado de profissionais de saúde e que realiza força-tarefa para abastecer os medicamentos e insumos adequados, mas não respondeu sobre problemas nas trocas de plantão.

Sobre o (CROF), a pasta disse que a obra está paralisada porque o contrato está suspenso por suspeita de irregularidades, mas que tem expectativa de retomar parte dos atendimentos em março.

Acompanhe a íntegra da nota:

“A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informa que recebeu a rede de saúde em estado de calamidade estrutural, financeira e operacional, já comprovado pelo Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás e pelo governo federal. A SMS informa que realiza força-tarefa para mitigar o desabastecimento das unidades de saúde e que já iniciou a distribuição de série de medicamentos e insumos essenciais à assistência aos pacientes para toda a rede.

A pasta tem realizado ainda ampla revisão dos valores de contratos e convênios e renegociação de dívidas deixadas pela gestão anterior para liberar recursos para o dimensionamento adequado de profissionais de saúde em todos os pontos de atendimento.

 A secretaria ressalta que, apesar das dificuldades pontuais, a descentralização dos atendimentos de urgência e emergência em ortopedia já permitiu um aumento de 28% no total de atendimentos na especialidade, conforme apresentado abaixo.

A reforma do Centro de Referência em Ortopedia e Fisioterapia (CROF) está paralisada porque o contrato com a empresa responsável pelas obras, firmado na gestão anterior, está suspenso por suspeita de irregularidades.

A suspensão foi realizada por determinação do TCM e da Controladoria Geral do Município (CGM). O percentual de conclusão da obra é de 92% e a estimativa da SMS é de que, mesmo sem a conclusão da reforma, os atendimentos ambulatoriais em ortopedia e fisioterapia sejam retomados no local no mês de março”.

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