Hospital das Clínicas da UFG realiza cirurgia cerebral inédita para tratar obesidade mórbida
Procedimento nunca havia sido realizado na América Latina e contou com parceria com universidade dos EUA


Um procedimento inédito no Brasil e na América Latina foi realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), nesta terça-feira (18). Trata-se de uma cirurgia cerebral cujo objetivo é tratar a obesidade mórbida (grau III).
O projeto de pesquisa é uma parceria do HC-UFG com a Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, que procura saber qual a forma mais eficiente de chegar ao núcleo do cérebro ligado às sensações de recompensa, prazer, vícios e medo.
“A obesidade é uma doença, usualmente gerada por uma compulsão, então fizemos um projeto objetivando atuar justamente nesses circuitos cerebrais associados a recompensa e prazer”, explica o neurocirurgião do HC-UFG, Osvaldo Vilela.
Ainda se trata de uma cirurgia experimental, que não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e que é vista como um “último recurso”, uma alternativa aos pacientes que não respondem a tratamentos com dieta, psicoterapia e atividades físicas, nem à cirurgia bariátrica.
Por isso, apenas cinco pacientes participarão dessa etapa do projeto. Eles serão acompanhados pela equipe de neurocirurgia e endocrinologia do HC-UFG durante dois anos, com novas experimentações a cada dois meses, para que os pesquisadores saibam quais são mais eficientes.
O projeto já foi apresentado e aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital das Clínicas e pelo Comitê Nacional de Ética e Pesquisa.
Como funciona?
O objetivo do procedimento, em termos técnicos, é a estimulação cerebral profunda bilateral do núcleo accumbens. Ou seja, a implantação de dois eletrodos na parte periférica desse núcleo, que é relacionado aos comportamentos emocionais.
Depois disso, são realizados testes periódicos, para verificar qual forma de instigação funciona melhor.
“Após a cirurgia, esse paciente será acompanhado por dois anos. Nos primeiros dois ou três meses, nós vamos testar os vários polos do eletrodo para ver aquele que tem uma atuação mais adequada”, detalha o neurocirurgião responsável.
“Depois disso, nós começamos a fase que chamamos de fechada, ou duplo cego do estudo. Aí nós podemos ativar o eletrodo de um lado só, dos dois lados, do outro lado ou nenhum eletrodo”, conclui.
A opção que demonstrar melhor resultado é mantida até o final do período da pesquisa.
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