Estudantes de Medicina serão investigadas por ironizarem moradora de Goiás que morreu após transplantes
Família também denunciou o caso como 'injúria' no Ministério Público


A Polícia Civil (PC) abriu um inquérito para apurar as falas de duas alunas de Medicina que ironizaram o caso da paciente Vitória Chaves da Silva, que havia passado por três transplantes de coração e um de rim.
Moradora de Goiás, a jovem, de 26 anos, morreu em fevereiro deste ano, pouco depois do vídeo feito por Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano viralizar.
A família da garota, que estava em São Paulo (SP) para realizar tratamentos, denunciou o caso como injúria em uma delegacia da PC e acionou o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP). As investigações serão realizadas na delegacia do 14º Distrito Policial de São Paulo (SP), onde a mãe da jovem registrou o caso.
“Primeiro foi feito um boletim de ocorrência não criminal, já que o vídeo não cita o nome de Vitória e não houve crime cometido. A mãe veio novamente, a ouvimos e, como ela estava se sentindo ofendida com o conteúdo publicado referente à filha, se sentindo difamada com as informações divulgadas, instauramos inquérito por injúria em uma ação penal privada”, declarou o delegado Marco Antonio Bernardo ao g1.
A família acionou a PC como parte do procedimento para entrar com ação no MPSP, uma vez que é necessário apresentar queixa-crime para o processo judicial ser instaurado, conforme explicou o delegado.
O delegado ainda explicou que neste tipo de ação a pessoa ofendida deve apresentar queixa-crime para o processo judicial ser instaurado. Isso ocorre em casos de calúnia, difamação, injúria ou violação de direito autoral.
“No caso da ação penal privada, em denúncia por injúria, a vítima faz requerimento, instaura inquérito, e o advogado da vítima é quem oferece queixa-crime contra as pessoas para seguir o processo no Judiciário”, disse.
Agora, os próximos passos da diligência serão os depoimentos de Gabrielli e Thaís, estudantes de medicina que fizeram o vídeo, além de representantes do Instituto do Coração (InCor), onde Vitória estava internada no dia 17 de fevereiro.
Em tempo
O vídeo, postado nas redes sociais das jovens, foi apagado logo após viralizar negativamente e mostra as duas comentando sobre Vitória ter passado por três implantes.
“A gente está em choque, sem acreditar até agora. São 07h da manhã. Uma paciente que fez transplante cardíaco três vezes. Um transplante cardíaco já é burocrático, é raro, tem questão da fila de espera, da compatibilidade, mil questões envolvidas. Agora, uma pessoa passar por transplante três vezes, isso é real e aconteceu aqui no InCor”, afirmou Thaís.
Em seguida, elas ironizaram a paciente, dizendo que ela já passou por tantas operações que “acha que tem sete vidas”.
“Essa menina está achando que tem sete vidas. Não sei. Já é tão raro, difícil a questão de compatibilidade, doação, ‘n’ fatores que não sei especificamente por que não passamos por cirurgia cardíaca ainda. Estou em choque. Simplesmente uma pessoa que passou por três transplantes de coração. Ela recebeu três corações diferentes”, disse a estudante.
Além disso, Gabrielli chegou a culpar Vitória por uma das rejeições. “A segunda vez ela transplantou e não tomou os remédios que deveria tomar, o corpo rejeitou e teve que transplantar de novo, por um erro dela. Agora ela transplantou de novo, aceitou, mas o rim não lidou bem com as medicações”, disse.
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