Servidoras goianas fazem fortes relatos sobre violência psicológica com ex-companheiros: “ainda tenho medo”
Trabalhadoras contaram experiências de agressões silenciosas praticadas pelos ex-maridos


Violência silenciosa. Foram situações como esta que duas servidoras do Tribunal Regional do Trabalho de Goiás (TRT-GO) relataram ter sofrido, durante anos de relacionamento abusivo.
Preferindo manter o anonimato, uma delas relembrou quando, após a separação, foi perseguida pelo ex-marido, que causou um terror psicológico sentido até os dias de hoje.
“Após a separação, ele me seguia em todos os lugares e chegou a me ameaçar de morte caso me visse com outro homem. Até hoje, passados 15 anos da ameaça, ainda tenho medo de encontrá-lo”, contou.
As situações de violência não se limitaram ao primeiro casamento, onde ela sofreu perseguições e ameaças, se estendendo também ao segundo matrimônio.
Casada novamente, ela pensou ter se livrado das agressões silenciosas experienciadas com o ex-marido, mas a realidade, na verdade, foi outra: violência psicológica e financeira.
“Sofri violência psicológica e financeira. O pai dos meus filhos tentava controlar até o meu salário e queria interferir no patrimônio da minha família. Mais tarde, descobri que ele escondeu bens enquanto ainda estávamos casados”, relembrou.
Com o trauma ainda ardente, a servidora do TRT-GO ainda precisa conviver com o agressor, que há anos a fez mal, em prol de uma boa relação com os filhos. Forte, ela conta que aprendeu a abstrair, sempre “seguindo em frente”.
Situação parecida foi relatada por outra servidora do tribunal, que também preferiu manter o anonimato, com medo de retaliações do ex-companheiro, que segue às soltas.
Empenhada em passar no concurso público para garantir a vaga no TRT-GO, muitas vezes, a mulher que precisava de um apoio, recebia o efeito contrário.
“Você não vai passar no concurso, você é burra”, dizia ele, relembrou.
Apesar disso, demonstrando rigidez, ela persistiu e utilizou os ataques como combustível para estudar ainda mais e conquistar a aprovação no concurso, para finalmente ter independência financeira.
Segundo ela, os efeitos da violência emocional se disfarçam, por não se tratar de uma agressão física, mas ainda sim muito prejudicial.
Durante a entrevista anônima, ela contou que, apesar de não ter sofrido a violência física, os abusos silenciosos se tornaram constantes, com agressões verbais e humilhações constantes.
Os relatos são vários, mas um em específico lhe marcou a memória, de uma situação em que conseguiu demonstrar força frente ao agressor.
“Quando tive coragem de responder à altura uma provocação, ele me olhou com tanto ódio que parecia querer me esganar, mas não teve coragem”, relembrou.
Hoje, ela escolheu viver sozinha, como forma de não repetir a mesma história com outro companheiro.
“A gente vive numa estrutura machista, que faz com que muitas mulheres naturalizem essas situações. É difícil falar, mas é necessário. Porque sei que muitas outras mulheres vivem isso em silêncio”, avaliou.
Ao TRT-GO, ambas as servidoras afirmaram que não quiseram registrar queixa contra os ex-companheiros à época dos fatos.
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