“Dia do fogo”: conheça diferentes versões da história em Goiás que envolveu desaparecimento de Santa Dica
Narrativa possui mais de uma versão e foi marcada por evento violento

Considerada uma figura icônica em Pirenópolis por, supostamente, curar enfermos e participar de revoluções políticas, em Lagolândia, que fica a 40 km da cidade turística, a trajetória de Benedita Cipriano Gomes, a Santa Dica, é rodeada de histórias marcantes. Uma delas, por exemplo, envolve a invasão de um batalhão de homens e desaparecimento de três dias – episódio que ficou conhecido como “Dia do Fogo”.
A narrativa possui mais de uma versão e foi contada pela historiadora e autora do livro “Santa Dica: História e Encantamentos”, Waldetes Aparecida Rezende, de 64 anos, ao G1.
Uma das vertentes afirma que, no povoado, a maior parte das pessoas relatou que cerca de 100 homens, dentre eles militares, jagunços de coronéis da região haviam invadido o povoado e “metralharam as casas”. Santa Dica teria avisado aos moradores que choveria “pedras do céu” e que eles seriam protegidos por “anjos”.
Já na versão dos militares, em 10 de outubro de 1925, a Promotoria Pública abriu um processo criminal contra Dica e alguns dos seguidores dela, que foram indicados por “praticar o espiritismo, a magia e seus sortilégios, usar de talismãs e cartomancias, para despertar sentimentos de ódio ou amor, inocular curas de moléstias curáveis ou incuráveis, enfim, para fascinar e subjugar a credulidade pública”.
Dois dias depois, uma guarnição com 79 homens foi até o local para cumprir os mandados de prisão. No ambiente, segundo a versão, os militares foram recebidos à bala pelos moradores, o que provocou a reação por parte da tropa e que os soldados apenas se defenderam.
Muitos dos seguidores fugiram pelas águas do Rio do Peixe, enquanto outros morreram afogados ou baleados. Já em relação a Santa Dica, ela foi dada como desaparecida, sendo encontrada apenas três dias depois.
Conforme a historiadora , antes da fuga, há relatos de que as balas que foram direcionadas à mulher “caíam de seus cabelos como se fossem grãos de milho e não entravam no corpo dela”.
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Somente em 22 de outubro de 1925, a Santa Dica se apresentou voluntariamente e se declarou inocente. Ela foi condenada a uma pena de um ano e dois meses de prisão, mas cumpriu apenas alguns meses, na Cidade de Goiás, devido à pressão dos seguidores.
Ela foi solta em junho de 1926, sob a promessa de que seria levada pela Confederação Espírita do Rio de Janeiro, mas, meses depois, retornou ao estado junto com o jornalista Mário Mendes, com quem se casou e criaram sete filhos.
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