Gigante farmacêutica entra em colapso e decide pedir falência
Empresa não resistiu à pressão judicial por opioides e interrompeu trajetória no topo do setor


Em agosto de 2022, a farmacêutica Endo International Plc, sediada em Dublin, surpreendeu o mercado ao pedir falência nos Estados Unidos.
A companhia era uma das gigantes do setor e enfrentava uma avalanche de processos judiciais — a maioria relacionada à crise dos opioides no país norte-americano.
Especializada em medicamentos para dor crônica, anestesia, saúde masculina e doenças ginecológicas, a Endo era conhecida por produzir analgésicos potentes como oximorfona (Opana ER), além de diversos injetáveis hospitalares e medicamentos genéricos controlados.
O foco da empresa estava em tratamentos complexos, com atuação forte em hospitais e farmácias de especialidades.
O colapso veio pelos opioides
A principal razão para o colapso foi o envolvimento da Endo na epidemia de opioides. Milhares de ações alegavam que a empresa teria lucrado com medicamentos altamente viciantes, agravando o número de dependentes químicos nos Estados Unidos.
O valor das indenizações exigidas superou a capacidade financeira da farmacêutica, levando-a a recorrer ao Capítulo 11 da lei de falências americana — uma medida que permite continuar operando enquanto renegocia dívidas com os credores.
Como funciona o processo de falência
Apesar do pedido de falência, a Endo manteve a produção e distribuição de medicamentos essenciais.
A legislação americana prevê que, nesses casos, o fornecimento de remédios críticos não seja interrompido de forma abrupta.
Um grupo de credores se dispôs a assumir os principais ativos da companhia, oferecendo cerca de US$ 6 bilhões, além de arcar com parte das obrigações legais.
O plano incluía:
• Preservar a produção de remédios hospitalares e genéricos essenciais;
• Evitar o desabastecimento do mercado;
• Reduzir o passivo judicial por meio de acordos com credores.
Impacto no setor e futuro dos funcionários
O caso gerou ondas no mercado farmacêutico. Investidores passaram a avaliar com mais cautela os riscos jurídicos e regulatórios das empresas.
Já fabricantes adotaram políticas mais rígidas de compliance para evitar escândalos semelhantes.
Para os funcionários da Endo, o objetivo era manter o maior número possível de empregos, com a operação sendo repassada aos novos controladores.
Ainda assim, reestruturações são comuns nesses casos e podem incluir cortes e mudanças na gestão.
A queda da Endo escancarou a vulnerabilidade de grandes farmacêuticas diante de litígios em larga escala — e deu início a um novo ciclo de vigilância regulatória e prudência financeira no setor.