Gigante farmacêutica entra em colapso e decide pedir falência

Empresa não resistiu à pressão judicial por opioides e interrompeu trajetória no topo do setor

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Gigante farmacêutica entra em colapso e decide pedir falência
Imagem de medicamento. (Foto: Arquivo/Agência Brasil)

Em agosto de 2022, a farmacêutica Endo International Plc, sediada em Dublin, surpreendeu o mercado ao pedir falência nos Estados Unidos.

A companhia era uma das gigantes do setor e enfrentava uma avalanche de processos judiciais — a maioria relacionada à crise dos opioides no país norte-americano.

Especializada em medicamentos para dor crônica, anestesia, saúde masculina e doenças ginecológicas, a Endo era conhecida por produzir analgésicos potentes como oximorfona (Opana ER), além de diversos injetáveis hospitalares e medicamentos genéricos controlados.

O foco da empresa estava em tratamentos complexos, com atuação forte em hospitais e farmácias de especialidades.

O colapso veio pelos opioides

A principal razão para o colapso foi o envolvimento da Endo na epidemia de opioides. Milhares de ações alegavam que a empresa teria lucrado com medicamentos altamente viciantes, agravando o número de dependentes químicos nos Estados Unidos.

O valor das indenizações exigidas superou a capacidade financeira da farmacêutica, levando-a a recorrer ao Capítulo 11 da lei de falências americana — uma medida que permite continuar operando enquanto renegocia dívidas com os credores.

Como funciona o processo de falência

Apesar do pedido de falência, a Endo manteve a produção e distribuição de medicamentos essenciais.

A legislação americana prevê que, nesses casos, o fornecimento de remédios críticos não seja interrompido de forma abrupta.

Um grupo de credores se dispôs a assumir os principais ativos da companhia, oferecendo cerca de US$ 6 bilhões, além de arcar com parte das obrigações legais.

O plano incluía:
• Preservar a produção de remédios hospitalares e genéricos essenciais;
• Evitar o desabastecimento do mercado;
• Reduzir o passivo judicial por meio de acordos com credores.

Impacto no setor e futuro dos funcionários

O caso gerou ondas no mercado farmacêutico. Investidores passaram a avaliar com mais cautela os riscos jurídicos e regulatórios das empresas.

Já fabricantes adotaram políticas mais rígidas de compliance para evitar escândalos semelhantes.

Para os funcionários da Endo, o objetivo era manter o maior número possível de empregos, com a operação sendo repassada aos novos controladores.

Ainda assim, reestruturações são comuns nesses casos e podem incluir cortes e mudanças na gestão.

A queda da Endo escancarou a vulnerabilidade de grandes farmacêuticas diante de litígios em larga escala — e deu início a um novo ciclo de vigilância regulatória e prudência financeira no setor.

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