Entenda por que cidades de todo o mundo estão proibindo motoristas de virarem à esquerda

Atualmente, esse tipo de conversão tem se tornado um dos maiores inimigos do trânsito nos grandes centros urbanos

Pedro Ribeiro Pedro Ribeiro -
Entenda por que cidades de todo o mundo estão proibindo motoristas de virarem à esquerda
(Foto: Reprodução/Agência Brasil)

Cada vez mais cidades estão adotando medidas curiosas e eficazes para tornar o trânsito mais seguro — e uma delas vem chamando a atenção: a proibição de motoristas virarem à esquerda.

Sim, pode parecer estranho à primeira vista, mas a decisão tem motivos sólidos por trás.

Em lugares como San Francisco, Salt Lake City e Birmingham, nos Estados Unidos, essa mudança já está em prática.

E talvez você perceba que essa ideia faz muito mais sentido do que imagina.

Entenda por que cidades de todo o mundo estão proibindo motoristas de virarem à esquerda

Para os motoristas, virar à esquerda significa cruzar a pista de sentido contrário. E é justamente aí que mora o perigo.

Segundo o professor Vikash Gayah, especialista em engenharia de transportes da Universidade Estadual da Pensilvânia, esse tipo de manobra exige atenção redobrada.

Um pequeno erro no cálculo do tempo pode causar uma colisão lateral — um dos acidentes mais graves no trânsito.

Além disso, quem dirige costuma se concentrar tanto nos carros que vêm de frente que muitas vezes nem vê os pedestres atravessando.

Os dados não mentem

Nos Estados Unidos, cerca de 40% dos acidentes de trânsito acontecem em cruzamentos.

E, dentro desse número, mais da metade envolve motoristas tentando virar à esquerda.

Isso é alarmante, principalmente porque esse tipo de conversão não é tão comum quanto outras.

Ou seja, proporcionalmente, ela é mais perigosa do que parece.

Trânsito lento e ineficiente

Além dos riscos de acidente, virar à esquerda atrasa todo o trânsito.

Um carro parado esperando para fazer essa manobra bloqueia a pista.

Para contornar isso, muitas cidades criam faixas exclusivas ou semáforos com fases separadas só para essas conversões.

Mas isso complica ainda mais o fluxo de veículos.

O tempo de espera aumenta, os semáforos perdem a sincronia e todo o sistema fica mais lento.

Estratégias para evitar a esquerda

Uma das soluções mais comuns é a instalação de rotatórias. Elas ajudam a evitar cruzamentos perigosos, mas têm seus limites.

Funcionam bem onde o trânsito é leve ou moderado, mas em áreas muito movimentadas podem travar tudo.

Além disso, exigem espaço — e em cidades grandes, isso significa derrubar prédios ou alargar ruas.

Já proibir a conversão à esquerda é mais simples: basta sinalizar com placas. Nada mais.

Mais rápido, mais seguro e mais econômico

Pode parecer contraditório, mas tirar a opção de virar à esquerda pode até deixar o trajeto mais rápido.

Mesmo que o motorista precise dar uma volta no quarteirão, o tempo total de deslocamento tende a cair, já que há menos paradas e menos espera em cruzamentos.

Estudos mostram que motoristas economizam entre 10% e 15% de combustível por trajeto quando evitam a esquerda.

Isso acontece porque há menos paradas bruscas e acelerações intensas.

E no Brasil?

No Brasil, os dados são preocupantes. Só em 2023, foram registradas 34.881 mortes no trânsito.

Embora ainda não existam números exatos sobre acidentes causados por conversões à esquerda, sabemos que cerca de 175 acidentes ocorrem por dia no país.

Em um cenário como esse, pensar em estratégias que aumentem a segurança dos motoristas e de todos os que dividem as ruas parece urgente.

A resistência inicial é natural — ninguém gosta de mudar hábitos.

Mas quando os motoristas percebem que estão economizando tempo, combustível e reduzindo os riscos de acidente, a aceitação cresce.

No fim das contas, evitar virar à esquerda pode ser uma pequena mudança com um grande impacto no trânsito das cidades.

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com o Portal 6 desde 2022, atuando principalmente nas editorias de Comportamento, Utilidade Pública e temas que dialogam diretamente com o cotidiano da população.

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