Além do CSI: perito criminal de Goiás conta verdades e mitos da profissão e caso bizarro

Ao Portal 6, profissional explica detalhes da área e motivo de decidir ingressar no ramo

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Além do CSI: perito criminal de Goiás conta verdades e mitos da profissão e caso bizarro
Imagem mostra perito criminal Deny Bruce. (Foto: Reprodução/ Instagram)

Em uma investigação policial, os peritos criminais são apontados nos filmes como uma das peças-chave para a resolução dos casos e até como os responsáveis por toda a apuraçã. A realidade, no entanto, se difere. Com uma rotina extensa, esses profissionais são encarregados de avaliar tudo o que está relacionado ao crime e, diariamente, lidam com situações sensíveis e brutais.

Há 9 anos, o goiano Deny Bruce de Souza (@deny_bruce) tomou a decisão de ingressar na área e, atualmente, é perito criminal oficial da Polícia Científica de Goiás. Por conta de um colega de trabalho na época da adolescência, que era farmacêutico, mas também exercia a profissão de perito, o profissional revela que se sentiu inspirado pelo homem a seguir a carreira, por considerar a área vasta, diversificada e ampla.

O processo para adentrar no segmento, contudo, esteve longe de ser fácil. Ao Portal 6, ele conta que precisou estudar para passar em um concurso público e conseguir ocupar o cargo.

“Ele [cargo de perito criminal] é um cargo de carreira pública, da Secretaria de Segurança Pública, que, para ser admitido, passa por um concurso, um concurso público de seleção. Cada estado tem seu período de concurso, não é algo fixo que acontece”, explica.

Imagem mostra perito criminal Deny Bruce. (Foto: Reprodução/ Instagram)

Rotina

A movimentação e o olhar clínico fazem parte do dia a dia de Deny. Ele explica que o papel do perito é, em suma, avaliar todos os elementos relacionados ao crime, que pode ser tanto o próprio local onde a situação ocorreu quanto um objeto, mancha de sangue, DNA, imagens, entre outros.

“Na minha rotina, eu sou perito criminal de local, então eu faço os locais de crime, especialmente crimes que são relacionados com morte violenta — por homicídio, suicídio, acidente de trânsito com vítima fatal… Tudo aquilo que envolve a morte. Mas também crimes contra o patrimônio, furto e roubo fazem parte do meu escopo, inclusive os crimes relacionados à violência doméstica e dano ao patrimônio”, explica.

Diferente dos filmes que, segundo ele, colocam o perito como se fosse responsável por toda a investigação — atribuindo tarefas como interrogatório, perseguição de pistas e outras atividades —, a realidade é um pouco diferente.

Segundo ele, o perito criminal analisa tudo aquilo que já vem sendo investigado, com o intuito de verificar se há algum tipo de alteração, determinar a velocidade de algum veículo — em casos de atropelamento —, manchas de sangue para definir o DNA, amostras biológicas ou químicas diversas para identificar a origem desses elementos, impressões papilares, entre outros.

Deny explica que o modo de operação é um sistema mundial, mas que o que muda, na realidade, é o tempo de resposta, que é bem diferente do que é mostrado nos filmes.

“O que muda, basicamente, é o tempo de resposta, que na vida real é bem mais demorado. A análise demora muito mais. Um laudo de DNA leva dias, impressões papilares também têm suas particularidades e suas demoras”, justifica.

Imagem mostra perito criminal Deny Bruce durante operação. (Foto: Reprodução/ Instagram)

Casos peculiares

Em relação aos casos, o perito conta que um dos pontos que o atraiu para a profissão é o dinamismo, uma vez que, a cada dia, recebe casos diferentes e que não há uma rotina rígida, pois cada caso possui suas respectivas peculiaridades.

“A gente trabalha além daquilo que é evidente. Então, às vezes, uma mancha de sangue me dá uma resposta que muda completamente a dinâmica — a posição de uma lesão, a posição de um disparo de arma de fogo que atingiu um objeto… Isso tudo pode mudar muito a dinâmica”, diz.

Ele ainda relembra uma situação marcante de um homicídio ocorrido no interior e que a vítima teve o pescoço cortado por uma faca. O desfecho, no entanto, o impressionou.

“Quando a gente analisou as lesões parecia que [o crime] tinha sido feito por uma pessoa canhota – pela posição das lesões do corpo e o jeito de dominar a vítima. Quando a gente olhou no bolso da vítima, achamos um bilhete escrito “esquerdinha” e tinha um número de telefone. Esse esquerdinha, na verdade, era uma pessoa que a vítima entrou em contato e tinha marcado um encontro antes. Os dois se encontraram e acabou acontecendo o crime”, relembra.

Dica para quem almeja adentrar na área

Para quem almeja ingressar na carreira, o perito aconselha os interessados a estudarem e ficarem atentos aos editais que são disponibilizados.

No entanto, ele ainda reforça que a concorrência na área é grande e que, por isso, é necessário que os aspirantes dediquem boa parte do tempo aos estudos, a fim de conseguir adentrar na área — que vem ganhando destaque no Brasil.

“As pessoas têm se interessado cada vez mais por cargos públicos, e isso exige dedicação. Existe abstinência, abrir mão de muitos momentos de prazer em prol dos estudos, mas vale a pena quando você chega lá. Não desistir e não ficar pulando de galho em galho. Se você tem interesse na perícia criminal, foque nesse tipo de concurso, para que você vá criando um acúmulo de conhecimento — inclusive com as reprovações que possam vir a acontecer”, finaliza.

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Gabriella Pinheiro

Gabriella Pinheiro

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, está sempre atenta aos temas que impactam o dia a dia da população. Começou como estagiária no Portal 6 e, com dedicação e olhar apurado, chegou à editoria. Tem interesse especial na prestação de serviços, mas não dispensa uma boa reportagem ou uma história bem contada.

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