Tentativa de aborto em motel de Ceres termina em prisão após morte da gestante

Dono do estabelecimento teria se recusado a acionar o Samu para evitar "atrair atenção" ao local

Davi Galvão Davi Galvão -
Gabriela morreu após complicações de uma tentativa de aborto em quarto de motel. (Foto: Redes Sociais)
Gabriela morreu após complicações de uma tentativa de aborto em quarto de motel. (Foto: Redes Sociais)

Uma jovem, de apenas 20 anos, morreu após dar entrada em estado grave e inconsciente na Unidade de Pronto Atendimento de Ceres. A equipe médica acredita que ela tenha sofrido complicações após uma tentativa de aborto mal sucedida em um quarto de motel.

A vítima, identificada como Gabriela Patrícia de Jesus Silva, foi levada até a unidade de saúde pelo companheiro, de 23, e por outra colega, da mesma idade. Logo ao chegar, foi direcionada a sala vermelha, de urgência, por estar inconsciente e apresentando crises convulsivas, nesta sexta-feira (1°).

Ante a situação de possível tentativa de aborto, a Polícia Militar (PM) foi acionada e os acompanhantes da vítima relataram que de fato haviam tentado interromper a gravidez, tendo levado Gabriela até um motel da cidade.

A jovem que acompanhou a gestante disse que os três tinham acordado com o plano e marcado a data, porém como a vítima estava desacordada, não foi possível confirmar essa versão dos fatos.

Por volta das 18h30, já dentro do quarto do motel, eles teriam aplicado a medicação no braço de Gabriela, que passou a ter crises convulsivas e perdeu a consciência.

O companheiro da vítima, que acreditava ser o pai da criança, relatou aos policiais que pediu que a administração do estabelecimento chamasse uma ambulância, mas que a gerência recusou o pedido de socorro, supostamente para não “atrair atenção”.

Como consequência, os dois tiveram de, por meios próprios, levar a jovem até a unidade de saúde.

Apesar dos esforços da equipe médica, Gabriela não resistiu e teve o óbito confirmado. O companheiro dela bem como a acompanhante foram presos em flagrante.

No motel

Diante dos fatos, a equipe policial se deslocou até o motel onde o caso teria ocorrido, onde foram informados de que o trio havia entrado às 17h47 e saído às 18h45.

Porém, os policiais encontraram dificuldade em acessar o quarto, uma vez que a equipe de funcionários se recusou a permitir a entrada ou mesmo indicar em qual quarto os três haviam se hospedado.

O gerente do estabelecimento, inclusive, sustentou que não sabia de nenhuma intercorrência, contradizendo o que havia sido dito pelo companheiro da vítima, que o gestor havia pessoalmente ido até o quarto para avaliar a situação.

O motel ainda afirmou que os jovens não entraram em contato em nenhum momento para relatar qualquer questão fora do comum.

Somente após duas horas da chegada dos policiais e após serem autuados pelo crime de desobediência que uma das funcionárias confirmou os fatos aos militares, bem como disse que partiu do proprietário a recusa em acionar o Samu, para evitar chamar atenção ao estabelecimento.

O quarto foi isolado para que a perícia técnico científica pudesse ser realizada.

A reportagem tentou contato com a UPA de Ceres, que informou que detalhes sobre pacientes são repassados apenas a familiares. O motel citado na reportagem também foi procurado, mas não atendeu a nenhuma das ligações.

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