Ainda vale a pena fazer faculdade de Medicina em 2025? Veja os prós e contras
A resposta depende de uma análise cuidadosa sobre o mercado, a qualidade do ensino e as oportunidades de carreira

A faculdade de Medicina sempre foi sinônimo de prestígio, estabilidade e altos salários. Porém, em 2025, o cenário mudou.
Com a grande expansão de cursos em todo o país e o aumento expressivo dos custos, muitos estudantes se perguntam se ainda vale a pena investir tempo e dinheiro em uma formação tão longa e exigente.
A resposta não é simples — e depende de uma análise cuidadosa sobre o mercado, a qualidade do ensino e as oportunidades reais de carreira.
Ainda vale a pena fazer faculdade de Medicina em 2025? Veja os prós e contras
Desde os anos 1990, o número de faculdades de Medicina no Brasil quintuplicou. Hoje, o país soma cerca de 390 instituições, e mais de 80% delas são privadas.
Essa expansão, impulsionada pelo programa Mais Médicos em 2013, buscou aumentar o número de profissionais de saúde, especialmente em regiões carentes.
No entanto, o crescimento acelerado também levantou dúvidas sobre a qualidade do ensino oferecido.
Atualmente, estima-se que mais de 175 mil alunos estejam matriculados em cursos particulares de Medicina, que movimentam cerca de R$ 26,4 bilhões por ano.
As mensalidades variam, mas podem chegar a R$ 10 mil, e cada vaga é avaliada entre R$ 2 e 3 milhões no mercado. Ou seja, trata-se de um dos cursos mais caros e lucrativos do país.
A entrada dos grandes grupos de ensino
O setor educacional se tornou um negócio bilionário. Grupos como Ânima, YDUQS e Afya lideram a expansão.
A Afya, por exemplo, criada em 1997, abriu capital na bolsa de Nova York e investiu mais de R$ 3 bilhões na compra de novas faculdades de Medicina, consolidando-se como a maior do Brasil.
Essa profissionalização do ensino trouxe avanços tecnológicos e infraestrutura de ponta, mas também acendeu o alerta sobre o foco excessivo no lucro.
Especialistas afirmam que, quando a educação vira um produto de mercado, corre-se o risco de priorizar o retorno financeiro em detrimento da qualidade acadêmica.
Restrições e judicialização do ensino
Para conter o avanço desordenado, o Ministério da Educação (MEC) suspendeu, em 2018, a criação de novos cursos e o aumento de vagas existentes.
O objetivo era garantir padrões mínimos de qualidade. Mesmo assim, muitas instituições recorreram à Justiça para continuar operando.
Somente em 2024, o MEC notificou seis universidades pela abertura de cursos sem autorização.
Nesse mesmo ano, 6,3 mil vagas foram criadas no país — mais da metade por meio de decisões judiciais provisórias.
Para o professor Mario Roberto Dal Poz, da UERJ, esse cenário é preocupante.
Segundo ele, a falta de critérios claros e a interferência judicial podem comprometer a formação dos futuros médicos.
A busca por qualidade e novas formas de avaliação
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) já anunciou mudanças nas formas de avaliação dos cursos de saúde.
Em vez de basear a análise apenas no Enade, a proposta é realizar visitas presenciais para verificar as práticas de ensino e acompanhar o desenvolvimento dos alunos ao longo da graduação.
Outra proposta em discussão é a criação de um exame nacional obrigatório para formados em Medicina, semelhante à prova da OAB para advogados.
A ideia divide opiniões: enquanto alguns defendem que seria uma forma de garantir a qualidade mínima dos profissionais, outros veem a medida como um obstáculo desnecessário.
O alto custo e o retorno financeiro
Fazer faculdade de Medicina é um investimento pesado. O custo total do curso pode ultrapassar R$ 500 mil em instituições privadas, sem contar moradia, alimentação e materiais.
Esse valor elevado faz muitos jovens repensarem a escolha, especialmente diante de um mercado que, embora ainda promissor, já dá sinais de saturação.
Estudos mostram que as mensalidades vêm caindo em algumas regiões — de R$ 10 mil para R$ 7 mil —, reflexo do aumento da oferta.
Investidores também demonstram cautela: o BTG Pactual alertou, no fim de 2024, que o setor pode enfrentar desvalorização devido à abertura excessiva de vagas.
Ainda vale a pena cursar Medicina?
Apesar dos desafios, a faculdade de Medicina ainda é uma das formações mais valorizadas do país.
O curso oferece estabilidade, boas perspectivas de renda e a oportunidade de exercer uma profissão essencial.
No entanto, o cenário exige mais cautela do que nunca.
Antes de se matricular, é importante avaliar a reputação da instituição, a infraestrutura disponível, o corpo docente e as condições de estágio.
Além disso, o estudante deve considerar se tem vocação para uma profissão que exige dedicação constante, longas jornadas e atualização permanente.
Em resumo, a faculdade de Medicina continua sendo um caminho de prestígio, mas que hoje demanda planejamento e consciência sobre os desafios do setor.
O sonho de vestir o jaleco branco ainda é possível — desde que se escolha com cuidado onde e como trilhar esse percurso.
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