Ainda vale a pena fazer faculdade de Medicina em 2025? Veja os prós e contras

A resposta depende de uma análise cuidadosa sobre o mercado, a qualidade do ensino e as oportunidades de carreira

Pedro Ribeiro Pedro Ribeiro -
Ainda vale a pena fazer faculdade de Medicina em 2025? Veja os prós e contras
(Foto: Reprodução/ Agência Brasil)

A faculdade de Medicina sempre foi sinônimo de prestígio, estabilidade e altos salários. Porém, em 2025, o cenário mudou.

Com a grande expansão de cursos em todo o país e o aumento expressivo dos custos, muitos estudantes se perguntam se ainda vale a pena investir tempo e dinheiro em uma formação tão longa e exigente.

A resposta não é simples — e depende de uma análise cuidadosa sobre o mercado, a qualidade do ensino e as oportunidades reais de carreira.

Ainda vale a pena fazer faculdade de Medicina em 2025? Veja os prós e contras

Desde os anos 1990, o número de faculdades de Medicina no Brasil quintuplicou. Hoje, o país soma cerca de 390 instituições, e mais de 80% delas são privadas.

Essa expansão, impulsionada pelo programa Mais Médicos em 2013, buscou aumentar o número de profissionais de saúde, especialmente em regiões carentes.

No entanto, o crescimento acelerado também levantou dúvidas sobre a qualidade do ensino oferecido.

Atualmente, estima-se que mais de 175 mil alunos estejam matriculados em cursos particulares de Medicina, que movimentam cerca de R$ 26,4 bilhões por ano.

As mensalidades variam, mas podem chegar a R$ 10 mil, e cada vaga é avaliada entre R$ 2 e 3 milhões no mercado. Ou seja, trata-se de um dos cursos mais caros e lucrativos do país.

A entrada dos grandes grupos de ensino

O setor educacional se tornou um negócio bilionário. Grupos como Ânima, YDUQS e Afya lideram a expansão.

A Afya, por exemplo, criada em 1997, abriu capital na bolsa de Nova York e investiu mais de R$ 3 bilhões na compra de novas faculdades de Medicina, consolidando-se como a maior do Brasil.

Essa profissionalização do ensino trouxe avanços tecnológicos e infraestrutura de ponta, mas também acendeu o alerta sobre o foco excessivo no lucro.

Especialistas afirmam que, quando a educação vira um produto de mercado, corre-se o risco de priorizar o retorno financeiro em detrimento da qualidade acadêmica.

Restrições e judicialização do ensino

Para conter o avanço desordenado, o Ministério da Educação (MEC) suspendeu, em 2018, a criação de novos cursos e o aumento de vagas existentes.

O objetivo era garantir padrões mínimos de qualidade. Mesmo assim, muitas instituições recorreram à Justiça para continuar operando.

Somente em 2024, o MEC notificou seis universidades pela abertura de cursos sem autorização.

Nesse mesmo ano, 6,3 mil vagas foram criadas no país — mais da metade por meio de decisões judiciais provisórias.

Para o professor Mario Roberto Dal Poz, da UERJ, esse cenário é preocupante.

Segundo ele, a falta de critérios claros e a interferência judicial podem comprometer a formação dos futuros médicos.

A busca por qualidade e novas formas de avaliação

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) já anunciou mudanças nas formas de avaliação dos cursos de saúde.

Em vez de basear a análise apenas no Enade, a proposta é realizar visitas presenciais para verificar as práticas de ensino e acompanhar o desenvolvimento dos alunos ao longo da graduação.

Outra proposta em discussão é a criação de um exame nacional obrigatório para formados em Medicina, semelhante à prova da OAB para advogados.

A ideia divide opiniões: enquanto alguns defendem que seria uma forma de garantir a qualidade mínima dos profissionais, outros veem a medida como um obstáculo desnecessário.

O alto custo e o retorno financeiro

Fazer faculdade de Medicina é um investimento pesado. O custo total do curso pode ultrapassar R$ 500 mil em instituições privadas, sem contar moradia, alimentação e materiais.

Esse valor elevado faz muitos jovens repensarem a escolha, especialmente diante de um mercado que, embora ainda promissor, já dá sinais de saturação.

Estudos mostram que as mensalidades vêm caindo em algumas regiões — de R$ 10 mil para R$ 7 mil —, reflexo do aumento da oferta.

Investidores também demonstram cautela: o BTG Pactual alertou, no fim de 2024, que o setor pode enfrentar desvalorização devido à abertura excessiva de vagas.

Ainda vale a pena cursar Medicina?

Apesar dos desafios, a faculdade de Medicina ainda é uma das formações mais valorizadas do país.

O curso oferece estabilidade, boas perspectivas de renda e a oportunidade de exercer uma profissão essencial.

No entanto, o cenário exige mais cautela do que nunca.

Antes de se matricular, é importante avaliar a reputação da instituição, a infraestrutura disponível, o corpo docente e as condições de estágio.

Além disso, o estudante deve considerar se tem vocação para uma profissão que exige dedicação constante, longas jornadas e atualização permanente.

Em resumo, a faculdade de Medicina continua sendo um caminho de prestígio, mas que hoje demanda planejamento e consciência sobre os desafios do setor.

O sonho de vestir o jaleco branco ainda é possível — desde que se escolha com cuidado onde e como trilhar esse percurso.

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com o Portal 6 desde 2022, atuando principalmente nas editorias de Comportamento, Utilidade Pública e temas que dialogam diretamente com o cotidiano da população.

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