Invenção tecnológica recupera visão em idosos, que passam a ler novamente

Dispositivo desenvolvido por cientistas de Stanford devolve parte da visão a pacientes com degeneração macular

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Invenção tecnológica recupera visão em idosos, que passam a ler novamente
(Imagem: Ilustração)

Uma nova tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Stanford está devolvendo a capacidade de ler e reconhecer formas a pessoas idosas que haviam perdido quase toda a visão.

O avanço combina um microchip implantado no olho com óculos de alta precisão, e os resultados acabam de ser publicados na revista The New England Journal of Medicine.

A inovação promete mudar o tratamento da Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), doença que afeta milhões de pessoas no mundo e é uma das principais causas de cegueira após os 60 anos.

Diferentemente das terapias atuais — que apenas retardam o avanço da doença —, o novo sistema permite restaurar parte da visão perdida.

Batizado de PRIMA, o dispositivo usa um chip minúsculo, de apenas 2 milímetros, implantado no fundo do olho.

Ele recebe imagens captadas por uma câmera acoplada aos óculos e as transforma em impulsos elétricos, que são decodificados pelos neurônios da retina. Assim, o cérebro volta a formar imagens que antes eram impossíveis de enxergar.

Olho de um participante do estudo sem (esquerda) e com o implante de retina (direita). (Foto: Ilustração/ Science Corporation)

Como o sistema opera com luz infravermelha, invisível ao olho humano, ele não interfere na visão periférica que ainda resta.

Segundo o coordenador do projeto, físico Daniel Palanker, os pacientes conseguem usar simultaneamente a visão natural e a visão gerada pelo implante.

O estudo envolveu 32 voluntários acima de 60 anos com estágio avançado da DMRI.

Após um ano de uso, 27 deles recuperaram a capacidade de ler e reconhecer formas, com melhora média de cinco linhas em testes de acuidade visual. Para quem antes via apenas vultos, o resultado foi considerado extraordinário.

Os pesquisadores relataram ainda casos emocionantes, como o de um paciente que afirmou “sentir os olhos vivos novamente” após anos de escuridão.

Embora alguns tenham apresentado efeitos temporários, como pressão ocular elevada, os benefícios superaram os riscos.

De acordo com especialistas, trata-se de um marco para a oftalmologia moderna.

“Esse estudo traz esperança real para pacientes que antes só podiam contar com o avanço da cegueira”, avaliou Francesca Cordeiro, do Imperial College London.

Por enquanto, a visão restaurada é apenas em preto e branco, mas os cientistas já trabalham em uma nova versão do chip com resolução mais alta e software capaz de melhorar o reconhecimento facial.

Testes preliminares em animais indicam que versões futuras poderão alcançar nitidez próxima à visão normal, com suporte de zoom eletrônico.

Isabella Valverde

Isabella Valverde

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, com passagens por veículos como a TV Anhanguera, afiliada da TV Globo no estado. É editora do Portal 6 e especialista em SEO e mídias sociais, atuando na integração entre jornalismo de qualidade e estratégias digitais para ampliar o alcance e o engajamento das notícias.

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