Esquema dos apartamentos: como o maior hotel de Caldas Novas vem lidando com “alugueis clandestinos”

Plataformas online alteraram forma como reservas são feitas e situação tem gerado dor de cabeça para administradora do local

Davi Galvão Davi Galvão -
Fachada do Riviera Park Hotel. (Foto: Divulgação)
Fachada do Riviera Park Hotel. (Foto: Divulgação)

A crise interna no Riviera Park Hotel ganhou novos contornos e hoje expõe uma divisão rara entre proprietários do maior complexo hoteleiro de Caldas Novas. E isso é algo que turistas sentem no bolso e contribui até mesmo com o risco de fazer as malas, pegar estrada e, na hora do check-in, ser barrado. A apuração é do Isto É Dinheiro.

O que antes era tratado como uma simples disputa comercial evoluiu para um embate judicial e administrativo que coloca frente a frente a gestão oficial do condomínio e um esquema paralelo de venda de diárias que, segundo condôminos, opera à margem de qualquer controle.

De um lado, está o grupo de cerca de 400 proprietários vinculados à WAM, administradora responsável pelo pool hoteleiro previsto na convenção.

Do outro, um conjunto de donos de unidades e corretores criou o que muitos chamam abertamente de “pool pirata”, uma estrutura clandestina que desvia hóspedes do sistema oficial e já motivou ações cíveis, notícias-crime e investigações por suspeitas de falsidade ideológica e estelionato.

Pool tradicional x Pool pirata

O pool hoteleiro funciona como um modelo coletivo: proprietários entregam as unidades à administração e recebem remuneração conforme o desempenho do conjunto, e não pela ocupação individual.

Esse equilíbrio começou a ruir com o avanço de plataformas como Airbnb e Booking. Algumas unidades passaram a usar a “Autorização de uso para fins não comerciais”, criada apenas para empréstimos gratuitos a familiares e amigos, como fachada para um mercado de diárias vendidas ilegalmente sob o argumento de “empréstimo”.

Esses turistas, atraídos por preços baixos, acabam entrando, sem saber, em uma engrenagem irregular — e correm o risco de simplesmente ficarem sem hospedagem.

Consequências

Integrantes do pool clandestino já ingressaram com 165 ações para tentar liberar a atividade ou anular decisões internas. A administradora contabiliza mais de 60 decisões judiciais em vigor proibindo que aproximadamente 280 apartamentos continuem ofertando hospedagens fora do sistema oficial.

A prática alterou o perfil do público que chega ao Riviera, com relatos de condôminos e funcionários apontando festas improvisadas dentro dos quartos, desrespeito a regras internas e até episódios de violência.

As decisões judiciais em curso reforçam o artigo 8º da convenção, que veda qualquer alternativa ao pool oficial e autoriza o condomínio a impedir a entrada de hóspedes apresentados como “convidados” quando há indícios de pagamento.

Com 780 apartamentos, o Riviera Park Hotel exige que toda locação de curta temporada seja centralizada no pool oficial, responsável por reservas, check-in, limpeza, manutenção, notas fiscais e tributos.

Jeitinho

Para evitar abusos, o condomínio instituiu a “Autorização de uso para fins não comerciais”, que declara que “não houve comercialização de diárias de hospedagem” e alerta para consequências civis e criminais em caso de falsidade.

O formulário, contudo, tornou-se peça central nas fraudes. Operadores do esquema clandestino passaram a pedir que hóspedes assinassem o documento declarando não ter pago pela estadia, enquanto o acerto era feito à parte, por PIX ou cartão.

Posicionamento

Em nota enviada à imprensa, a WAM sustentou que a manutenção do pool paralelo contribui para a superlotação e queda de qualidade.

Além disso, ressaltou que os hóspedes irregulares usufruem de recursos destinados ao caixa comum, ainda que sem terem contribuído.

Por fim, a administradora pontuou que, por não precisarem emitir notas fiscais ou recolherem impostos, os proprietários que alugam por fora estariam praticando uma competição desleal coma administração, que age sob o rigor da lei.

Siga o Portal 6 no Instagram: @portal6noticias e fique por dentro das últimas notícias de Goiás!

Davi Galvão

Davi Galvão

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Atua como repórter no Portal 6, com base em Anápolis, mas atento aos principais acontecimentos do cotidiano em todo o estado de Goiás. Produz reportagens que informam, orientam e traduzem os fatos que impactam diretamente a vida da população.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

Publicidade

+ Notícias