Mulheres vão às ruas em Goiânia para protestar contra a escalada no número de feminicídios

Em poucas semanas, três casos ganharam repercussão em todo o país pelas semelhanças e pela brutalidade. Números assustam

Natália Sezil Natália Sezil -
Mobilização "Mulheres Vivas" chama atenção para a escalada nos casos de feminicídio.
Mobilização “Mulheres Vivas” chama atenção para a escalada nos casos de feminicídio. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Mulheres de diversas cidades brasileiras irão às ruas neste domingo (07) para denunciar o aumento no número de casos de feminicídios. Em Goiás, não será diferente.

A mobilização acontece na Praça Universitária, em Goiânia, com concentração às 15h. O ato nacional “Mulheres Vivas” reafirma a urgência de políticas efetivas de prevenção e proteção ao gênero feminino.

Movimentos sociais, organizações feministas e coletivos de direitos humanos se reúnem e convidam as cidadãs a se juntarem. O protesto leva como lema “Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas.”

Entre os objetivos da mobilização, estão o fortalecimento das redes de apoio, o estímulo à denúncia e o destaque da importância de marcos legais de proteção, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio.

Números são alarmantes

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública considera informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal.

O levantamento aponta que, em 2024, houve 1.492 feminicídios no Brasil. Os números dizem respeito apenas aos crimes que foram motivados pela condição de ser mulher. Quando analisados os homicídios de mulheres, independente do motivo, isso sobe para 3.700.

Em Goiás, houve 56 feminicídios em 2024, e o mesmo número em 2023. A taxa é de 1,5 a cada 100 mil mulheres. No caso das tentativas de feminicídio, os índices também sobem.

Em todo o Brasil, foram 3.870 casos no ano passado. Desses, 187 foram em Goiás. Isso indica aumento de até 19% em relação a 2023, quando houve 3.238 tentativas nacionais, sendo 170 estaduais.

Quando analisada a lesão corporal dolosa em contexto de violência doméstica, o Brasil teve 257.659 registros policiais em 2024, ligeiramente mais que no ano anterior, quando houve 256.584 casos.

Em Goiás, houve queda, mas os números ainda preocupam: 2024 reuniu 4.742 denúncias do tipo, em comparação com 5.238 em 2023.

Segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero, cerca de 3,7 milhões de mulheres brasileiras viveram um ou mais episódios de violência doméstica nos últimos 12 meses.

É importante notar a subnotificação: o mapa também aponta que 58% das mulheres que sofreram violência em 2025 não procuraram uma delegacia. Os motivos podem ser vários, incluindo o medo de ser vítima mais uma vez.

Casos recentes preocupam

Mais do que números, há exemplos constantes de casos de feminicídio e tentativa de feminicídio no Brasil. Em menos de um mês, três casos ganharam repercussão nacional pela brutalidade e pelas semelhanças.

Na última sexta-feira (05), o corpo carbonizado da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos, foi encontrado em Brasília. O crime é investigado como feminicídio após o soldado Kelvin Barros da Silva, de 21 anos, ter confessado a autoria do assassinato.

No final de novembro, Tainara Souza Santos teve as pernas mutiladas após ser atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro, presa embaixo de um carro. O motorista Douglas Alves da Silva foi preso por tentativa de feminicídio.

Na mesma semana, duas funcionárias do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ) foram mortas a tiros por um funcionário da instituição. Ele tirou a própria vida em seguida.

Em caso de agressão, denuncie

Mulheres que estejam sofrendo violência doméstica podem procurar a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), bem como solicitar medidas protetivas de urgência.

Diante de casos em que é necessário socorro imediato, é possível acionar a PM pelo 190 ou a Patrulha Maria da Penha, pelo (62) 99939-9581.

O Centro de Referência da Mulher Cora Coralina, na rua 74, esquina com a rua 59, no Centro de Goiânia, também fica disponível para atender mulheres em situação de violência. O local oferece assistência social, atendimento psicológico e jurídico.

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Natália Sezil

Natália Sezil

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás, é estagiária do Portal 6 e atua na cobertura do cotidiano. Apaixonada por boas histórias, gosta de ouvir as pessoas, entender contextos e transformar relatos em narrativas que informam e conectam o público.

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