Conheça a cidade que menos chove no Brasil e entenda como isso é possível

Entre pedras e serras, o tempo segue um compasso diferente do esperado onde a chuva vira notícia e a seca, narrativa constante

Magno Oliver Magno Oliver -
Conheça a cidade que menos chove no Brasil e entenda como isso é possível
(Foto: Captura de tela / Youtube / Canal Aldair Freitas)

Cabaceiras, município do Cariri Paraibano conhecido como a “Roliúde Nordestina”, ganhou nos últimos anos a fama de ser a cidade que menos chove no Brasil, um resultado de séries históricas de pluviometria que apontam médias anuais na faixa de 300–350 mm.

Os estudos climatológicos e os levantamentos locais mostram uma média aproximada de 338 mm por ano ao longo de várias décadas, marca que explica por que épocas de estiagem e eventos extremos chamam tanta atenção na rotina da população.

A explicação passa por fatores geográficos e climáticos. Cabaceiras está situada no interior da Paraíba, no chamado Polo Cariri/Seridó, em torno de 300 metros de altitude, numa região de transição entre o semiárido e áreas de relevo mais elevado.

O município fica afastado da influência direta das frentes atlânticas mais úmidas e sofre forte déficit hídrico causado pela combinação de chuvas mal distribuídas ao longo do ano e elevada evapotranspiração. Em outras palavras: não é apenas pouca chuva, é chuva concentrada em curtos períodos e calor que “puxa” a água rapidamente para a atmosfera.

A história local também ajuda a compreender o fenômeno. Cabaceiras tem solos pedregosos e registros históricos de uso do território ligados à pecuária e agricultura de subsistência, adaptados a regimes de chuva incertos. Hoje, a cidade diversifica a economia com turismo (por suas formações rochosas e cinema) e esforços para manejo de água.

Dados da prefeitura local indicam que, embora a região já tenha sido mais úmida em séculos passados, as tendências de variabilidade climática e sobre-exploração de recursos hídricos ampliam a sensação de aridez e a vulnerabilidade diante de longos períodos sem chuva.

Apesar dos números baixos, a realidade é de variação: alguns anos registram precipitações ainda menores (por exemplo, somas anuais abaixo de 200 mm em anos excepcionais), enquanto outros trazem eventos de chuva concentrada que recuperam parcialmente reservatórios locais.

Esse quadro torna a gestão hídrica e a adaptação comunitária prioridades permanentes, medidas que vão desde cisternas e barragens de pequeno porte até ações de turismo sustentável que valorizam a paisagem árida sem comprometer recursos.

Para visitantes, Cabaceiras oferece um contraste forte entre céu seco, pedras esculpidas e a vida cultural que floresceu mesmo onde a chuva é escassa.

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Magno Oliver

Magno Oliver

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Escreve para o Portal 6 desde julho de 2023.

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