Bondade ou excessos?
Certo dia conversando com uma amiga falávamos sobre bondade e que muita gente equivocadamente confunde ser bom com ser capacho de alguém, se sujeitando a todo tipo de capricho e nervosismo. Mas o que significa exercer bondade?
Antes de qualquer coisa precisamos nos conscientizar de quem somos e qual nosso valor, analisando-nos no espelho de nossa alma sem orgulho ou prepotência. A partir daí nos amarmos primeiramente, nos respeitarmos e sermos bons conosco; caso contrário, jamais teremos discernimento para os limites do que é ser bom e exercer bondade.
Existem pessoas que sabendo do nosso potencial para o altruísmo propositalmente abusam dessa qualidade. São calculistas, manipuladores, frios e covardes.
Extrapolam limites.
São como sanguessugas, vampirizam suas vítimas até onde conseguirem. Não se satisfazem com respeito, consideração e ser ajudado no que for possível, mas oprimem suas vítimas de forma que exigem ser venerados e servidos como se o mundo girasse em torno de seu umbigo e essa fosse a obrigação do outro, e, quando o oprimido não consegue mais dar de si dissimulam exigências ao ponto de requererem até a alma alheia para controle e prêmio final.
Pessoas que se deixam ser consumidas dessa forma vão adoecendo mentalmente, emocionalmente e fisicamente, e o ente manipulador ainda o acusa de não ser bom o suficiente, expondo-o à vergonha alheia, abusando sempre quando o outro está em momentos de fragilidade.
Ser bom é saber dizer sim e dizer não.
A bondade não exige aprovação de ninguém e sabe avaliar onde precisa agir e de que forma, reconhecendo os limites de onde pode pisar. Bondade é bom por si só. Essa é sua natureza.
A bondade entende que o amor anda de mãos dadas com ela – sabendo que o amor tem caráter e impõe limites exigindo do outro comportamento enquadrado no que ele chama de aceitável – e que ele não se sujeita a caprichos e atitudes exageradas, apenas no que é verdadeiro e justo.
Bondade sabe dos limites permissivos do amor para exercer suas tarefas.
Nossos relacionamentos são quase sempre direcionados nessa vertente, principalmente a familiar. Você sabe se encaixa na característica de bondade sem se autodestruir, sem se deixar ser abusado e se usa a bondade em favor de quem realmente necessita.
Precisamos definir qual pão relacional comemos.
Nem todos que sentam à mesa e interagem conosco tem a intenção correta. Muitos apenas manipulam e maqueiam suas atitudes com um beijo no rosto.
Gente boa, obrigada por reservar seu tempo para leitura desse texto. Até a próxima segunda-feira à tarde.
Deniza L. Zucchetti é escritora nas horas vagas e mãe em período integral.