Delegacia do Idoso monta força-tarefa para atender denúncias de maus-tratos em Anápolis

"Isolamento surgiu como desculpa para muitas famílias deixarem os idosos abandonados e sem recursos", afirmou delegado

Rafaella Soares Rafaella Soares -
Delegacia do Idoso monta força-tarefa para atender denúncias de maus-tratos em Anápolis
(Foto: Divulgação)

Em alusão ao Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra os Idosos, a Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso de Anápolis (DEAI) está realizando uma força-tarefa para averiguar denúncias de maus-tratos na cidade.

Desde a segunda (14) e durante esta terça (15), as equipes estão formalizando cerca de 50 visitas para apurar casos em que os mais velhos estão sendo vítimas de ações violentas por parte de familiares.

De acordo com o delegado Manoel Vanderic, titular da DEAI, o objetivo principal é fazer conciliações e intervenções não criminais para trazer melhor qualidade de vida para as vítimas. As prisões só são feitas em casos extremos.

“A gente percebe que tudo o que os idosos querem é a pacificação do lar. Eles não querem ver seus filhos e netos presos. Isso traz mais sofrimento para eles”, relatou ao Portal 6.

“O crime de maus tratos não acarreta prisão, só pena pecuniária. Percebemos que quem paga a multa é o idoso, com a aposentadoria dele. Muitos vão nos presídios visitar filhos e netos presos pela agressão contra eles e tiram toda a poupança para pagar advogado e livrar da cadeia”, explicou.

Segundo Vanderic, desde que foi inaugurada há nove anos, a DEAI recebe cerca de 10 a 15 denúncias todos os dias de violência contra idosos, sendo que os casos se intensificaram na pandemia.

“O isolamento surgiu como desculpa para muitas famílias deixarem os idosos abandonados, sem recursos para higiene, alimentação, sem assistência emocional. A aposentadoria, com o aumento do desemprego, passou a ser única fonte de renda das famílias e passou a ser desviada para pagar as contas”, contou.

Grande parte das denúncias recebidas na delegacia também não são de cunho criminal e sim social. Por isso, os agentes sempre acionam a assistência social do município para que os idosos recebam o devido acompanhamento.

“Existe um conceito coletivo de associar velhice com incapacidade. Queremos obrigar os idosos a viverem como a gente quer e muitos são privados até de administrar o próprio patrimônio. Hoje o idoso é produtivo, mas a família e a sociedade não considera assim. Temos uma série de desafios pela frente”, concluiu.

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