Problemas com a Enel obrigam indústrias goianas a alugar energia elétrica

Por outro lado, empresa que aluga geradores de energia vê procura aumentar 15% neste ano

Emilly Viana Emilly Viana -
Problemas com a Enel obrigam indústrias goianas a alugar energia elétrica
Distrito industrial em Aparecida de Goiânia. (Foto: Claudivino Antunes / Prefeitura de Aparecida de Goiânia)

Falhas no serviço de abastecimento de energia elétrica da Enel estão limitando o crescimento industrial de Goiás. É o que aponta a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg).

Ao Portal 6, o presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da Fieg, Célio Eustáquio de Moura, diz que parte do setor tem lidado com interrupções frequentes, energia insuficiente e indisponibilidade, no caso de regiões mais remotas. Há, segundo ele, uma “demanda reprimida” por energização.

Neste cenário, a principal consequência para a economia goiana é inibição do crescimento do segmento. “Ao avaliar a questão, muitas indústrias deixam de se instalar em Goiás. Ainda temos aquelas que já estão aqui e têm condições de crescimento, mas não conseguem ampliar diante desses problemas”, alerta.

As operações de novos empreendimentos também sofrem com o prejuízo. “Tem indústria de mineração que está com planta pronta, tudo certo, mas não consegue energizar a estrutura”, denuncia.

O presidente do Conselho da Fieg alega que falta investimento. “Nós queremos que os serviços prestados melhorem e que haja mais recursos voltados para a questão. Notamos que a Enel investe muito, mas nem sempre onde vai tornar esse sistema mais confiável”, pontua.

Socorro aos geradores

O que tem garantindo a sobrevivência destes empresários diante do problema, segundo Célio Eustáquio, é a aquisição de geradores de energia elétrica. A demanda já havia sido relatada ao Portal 6 há duas semanas pela Associação das Empresas do DAIA (Assedaia). Parte da região chegou a ficar até 24 horas no escuro e já teve quem precisou adquirir 15 geradores para manter as operações, segundo a entidade.

Na Região Metropolitana, a Associação Comercial, Industrial e Empresarial da Região Leste de Aparecida de Goiânia (Acirlag) endossa o problema. “Aqui temos seis polos industriais, o número de empresas ultrapassa 800. A qualidade da energia é baixa para a quantidade de indústrias, que sofrem com picos principalmente à noite e aos fins de semana”, afirma o presidente da Acirlag, Maione Padeiro.

Além de geradores, os empresários da região também tem investido em energia solar. “É um jeito de segurar. Mas, com isso, tem o prejuízo de investir em equipamentos caros, ainda mais no caso dos geradores com o diesel nas alturas”, aponta.

A instalação de novas indústrias em Aparecida também é limita, de acordo com Maione. “O desenvolvimento e a economia do município são prejudicados. Além da localização, o empresário olha a segurança e também a energia”, argumenta.

Mercado aquecido

O diretor comercial da A Geradora, Cândido Terceiro, revela que a procura pelos geradores na empresa teve aumento de 15% neste ano em relação a 2021.

Além do desabastecimento, ele aponta outros dois motivos para a alta. “Com a aproximação do período de seca, com uma possível crise hídrica, a insegurança do empresário fica ainda maior. E depois ainda temos esse período de retomada após a pandemia, que favoreceu esse resultado”, pondera.

Os geradores representam 50% do faturamento da companhia. Deste contingente, 20% são comercializados para as indústrias. “A expectativa é de ampliação no número de aluguéis. Pensando nisso, vamos investir mais em geradores de grande porte, para atender justamente esse grupo”, projeta.

Procurada pelo Portal 6, a Enel se posicionou apenas quanto ao DAIA. Em nota, a empresa diz que os investimentos apenas nesta subestação do polo chegam a R$ 13,6 milhões e que ela atende plenamente a demanda de carga das empresas já instaladas e que, com a obra de construção da linha, terá maior capacidade de absorver novas cargas.

A Enel alega que, desde 2017, quando assumiu a distribuição de energia em Goiás, já investiu cerca de R$ 100 milhões para recuperar, ampliar e digitalizar as subestações do município de Anápolis.

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