Trabalho integrado e criação da Força Tática foram chaves para redução de homicídios em Anápolis, diz delegado
Titular do GIH argumenta que zerar número de assassinatos é impossível, mas forças de segurança se empenham em atingir estatísticas melhores
O trabalho em conjunto entre as diversas forças de segurança pública de Anápolis, assim como os investimentos na área, são vistos como os principais pontos que levaram a cidade a reduzir 77% no número de casos de homicídios registrados nos últimos seis anos.
Enquanto 2016 encerrou o ano com 195 assassinatos, 2022 conseguir reduzir para 45 mortes pelo crime, número este consideravelmente menos.
Ao Portal 6, o delegado titular do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH), da Polícia Civil, Vander Coelho, explicou que diversos motivos contribuíram para esta mudança, com destaque para o trabalho integrado com as demais forças de segurança.
“Nós temos um trabalho integrado com as outras forças de segurança que é algo muito característico aqui de Anápolis. A interlocução que nós temos com a Polícia Militar, principalmente, mas com as outras forças também. Por vezes a gente trabalha em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Penal”, apontou.
“Nós trocamos informações assim que o crime acontece. A Polícia Militar entra em contato conosco e trocamos ideias. Como eles estão em maior quantidade nas ruas, existe uma capilaridade maior, o conhecimento deles das ruas é muito grande. Então a gente consegue conversar”, completou.
Mas, essa troca de informações entre os diferentes grupos não é o único fator que trouxe contribuições para a cidade, já que a própria repressão de outros crimes também está diretamente ligado com os resultados obtidos.
“A criação da Força Tática Municipal, que foi uma ampliação muito grande no efetivo da Polícia Militar (PM) aqui dentro da cidade permitiu que houvesse uma prevenção maior, porque cabe aí a PM a prevenção e a Polícia Civil a repressão dos crimes. Então, com esse combate constante das outras modalidades criminosas, isso querendo ou não refletiu nos homicídios”, pontuou.
Para além do trabalho conjunto, o próprio investimento do município em segurança também foi essencial para que Anápolis pudesse reduzir anualmente o número de homicídios.
“Então essa ampliação do efetivo da PM através do convênio com a Prefeitura foi essencial, e esse investimento também foi feito na Polícia Civil permitindo a criação do plantão de local de crime, ampliação na Central de Flagrantes para poder dar desenvoltura ao trabalho que a PM fazia. Investimento na polícia traz resultados e isso ficou muito claro”, destacou Vander Coelho.
“A Prefeitura ainda contribuiu para a segurança aqui no município com a criação do Observatório Municipal de Segurança, com a instalação de câmeras de segurança por toda a cidade contribui bastante para a gente poder utilizar essas imagens que são feitas na cidade na criação de provas das investigações”, complementou.
Inclusive, o aumento do efetivo permitiu também que os agentes policiais conseguissem focar não somente nos novos casos, como também elucidar inquéritos antigos que antes não era possível por conta do menor número de pessoas na delegacia.
Taxa ainda é elevada, mas polícia mira redução
O município tem hoje uma taxa de 11,43 homicídios por 100 mil habitantes. O número fica abaixo das médias nacional, de 22,3, e estadual, de 26,1. Se comparada com outros estados, Anápolis fica atrás somente de Santa Catarina, São Paulo e do Distrito Federal.
O índice, porém, ainda é mais elevado que de países como Haiti, Filipinas, Nigéria, Angola, Paraguai, Rússia, Congo, Suriname e Botswana. De acordo com as Nações Unidas, Cingapura é o país mais seguro do mundo, com taxa de 0,25 homicídios por 100 mil habitantes.
Apesar da redução anual, o delegado titular do GIH descarta a possibilidade de algum dia este índice ser zerado, mas destaca que o combate seguirá firme para continuar ao menos com a diminuição dos casos.
“Obviamente que a gente nunca vai zerar esse número, até porque o crime de homicídio é bíblico, desde a origem do mundo existem crimes graves acontecendo. Mas, a gente sabe que esse combate firme pode permitir a redução do excesso”, ressaltou.
Vander Coelho também reforça que alguns casos são imprevisíveis, mas em outros, já é possível fazer todo um trabalho prévio para evitar que o pior ocorra.
“Situações que não são previsíveis é difícil redução, como o excesso de álcool, uma briga banal no bar, ela dificilmente a gente vai conseguir evitar que essas tragédias aconteçam ali. Mas, os crimes que são organizados previamente, que existe ali um mandante, que tem ali uma pessoa que tem interesse em praticar crimes, uma organização criminosa que estiver instalada no município, aí já tem como a gente combater antecipadamente evitando o homicídio de acontecer”, argumentou.