Especialistas criticam compensação ambiental após retiradas de árvores em área urbana de Goiânia

Discussão ganhou força após retirada de 86 árvores de uma área verde no coração do Marista, em Goiânia

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Especialistas criticam compensação ambiental após retiradas de árvores em área urbana de Goiânia
(Foto: Freepik)

Na Avenida 136, Ruas 132 e 148, no Setor Marista, em Goiânia, encontra-se uma extensão de terra que até pouco tempo era uma área verde. Agora, o local chama atenção pela terra revirada, que será base para um novo empreendimento comercial.

Após denúncia do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) ao Ministério Público de Goiás (MP-GO), a Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia (Amma), informou que a empresa responsável pelo terreno se encarregou de garantir a compensação ambiental.

A compensação ambiental é uma prática prevista por lei que visa suprir a sociedade e o meio ambiente pelo uso de recursos naturais por parte de um empreendimento que cause impactos ambientais significativos.

Regulamentada pelo Poder público, a prática é amplamente usada também na esfera privada como forma de equilibrar a balança. No entanto, apesar de ser comum, a medida gera polêmica já que, muitas vezes os plantios de árvores são realizados a quilômetros de distância dos locais onde foram suprimidas a vegetação.

Ao Portal 6 o consultor ambiental Antônio El Zayek, explica que a árvore é responsável pela manutenção da biodiversidade, melhoria da qualidade do ar, melhoria da qualidade térmica, assim como minimiza ventos, infiltra água no solo e mantém a qualidade de vida. “Quanto menos árvores, mais pancadas de chuva temos, porque é a árvore que faz o pequeno ciclo da água”, defende El Zayek.

Para a assessora de relações institucionais do CAU, Maria Ester de Souza, a  compensação ambiental só é uma medida válida se feita no mesmo local, como por meio da retirada de cimento da região. “Os moradores sentirão a piora na qualidade de ar e aumento do calor. A sensação de uma cidade de cimento é outra”, pontuou.

Em nota, a Amma afirmou que a construção recebeu autorização da prefeitura de Goiânia, com doação de 3.150 mudas de árvores nativas do Cerrado em áreas degradadas da capital. Portanto, a área verde no coração do Setor Marista não será beneficiada com tais mudas.

De quebra, especialistas ressaltam que a desocupação do solo feita de forma desordenada e impermeabilizada, resultam em inundações e secas. “Os ciclos naturais do planeta precisam continuar, com preservação da fauna e da flora, mesmo em áreas ocupadas”, diz El Zayek.

 

(Foto: Arquivo pessoal/ Wesley Costa)

Pedalinhos do Lago das Rosas foram vistos no meio da Avenida Anhanguera durante pancadas de chuva na tarde do dia 21 de fevereiro. Além disso, um carro e uma ambulância ficaram ilhados na avenida.

Em janeiro, um jovem foi arrastado pela enxurrada durante um temporal e seu corpo foi encontrado preso a uma torre de energia. Esses efeitos são diretamente ligados à retirada de árvores na capital, segundo o consultor ambiental Antônio El Zayek.

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