Na despedida da seleção, Marta diz que ajudará a nova geração fora de campo

Lenda do futebol, atacante conquistou terceira medalha de prata olímpica

Folhapress Folhapress -
Na despedida da seleção, Marta diz que ajudará a nova geração fora de campo
Jogadora de futebol, Marta anunciou aposentadoria da seleção brasileira. (Foto: Sports Press Photo / Sports Press Photo/Fotoarena/Folhapress)

MARCOS GUEDES

PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Emocionada após a conquista de sua terceira medalha de prata olímpica, a atacante Marta, 38, se despediu da seleção brasileira neste sábado (10), no Parque dos Príncipes, em Paris (FRA), prometendo acompanhar e perto a nova geração do futebol nacional.

Ela afirma que não estará mais em campo, mas garantiu que ajudará de outra forma o desenvolvimento do futebol feminino brasileiro, mesmo que seja como torcedora.

“Essas meninas têm muito mais a oferecer. Não estarei com elas em campo, mas estarei de outra forma, acompanhando, dando meu suporte. Enfim, torcendo como fiz aqui [em Paris] quando suspensa. Que a gente comece a acreditar mais no futebol feminino”, discursou.

Além de exaltar o orgulho por ter conquistado mais uma medalha após 16 anos, ela deixou claro que a confiança no técnico Arthur Elias foi fundamental para o resultado final.

“Acredito que se não tivesse dado a devida confiança no trabalho do professor Arthur não teríamos chegado aqui, porque ele fazia coisas um pouco fora do comum, mas que tem de ser diferente. Ele veio com essa mentalidade, colocou o trabalho dia após dia e as meninas entraram com muita dedicação.”

Marta também aproveitou para desabafar contra os críticos.

“Tem muita gente que não assiste ao futebol feminino, mas quando a gente perde é o primeiro a comentar. É o primeiro a ir lá e falar. Quem curte futebol feminino, quem se preocupa?”, indaga, fazendo em seguida uma dedicatória aos apoiadores.

“Deixo aqui a minha mensagem: essa medalha e todas as outras que a gente ganhou em Olimpíadas, enfim, todos os títulos que a gente ganhou, seja individual ou coletivo no futebol feminino, são para aquelas pessoas que sempre acreditaram desde o primeiro momento. E que muitas delas já estavam na arquibancada aqui nos dando esse apoio: família, amigos. Para essas pessoas a gente deve isso aqui, e eu compartilho a gratidão com elas. Para essas outras que se aproveitam do momento e falam muita merda, desculpa!, a gente não deve nada, a vida é que segue.”

Após conversar e dar um abraço demorado na camisa 10 na saída de campo, o comandante Arthur Elias falou com a imprensa e demonstrou estar orgulhoso pelo desempenho de sua equipe, mas, principalmente, por ter trabalhado com Marta.

“O sentimento de orgulho é o que está dentro de mim. E, falando dela [Marta], um orgulho incrível, imenso, de eu ter esse privilégio de trabalhar com alguém que é a melhor da história no que faz. É muito aprendizado para todos, a postura dela, a entrega dela, a união que ela tem com todos os atletas, com a comissão, relação de confiança que eu construí com ela.”

Perguntado sobre a aposentadoria de Marta, Elias disse que a decisão é somente dela, mas que ele não quer pensar nisso agora. “A gente não sabe. Independentemente de quando vai ser a despedida da Marta, ela vai ficar sempre marcada na história do futebol e do esporte mundial. A gente precisa valorizar a pessoa e a atleta que ela é. E o brasileiro tem muito orgulho dessa seleção e da nossa camisa 10, a rainha”, disse o treinador, lembrando da intensidade do seu trabalho nos últimos 40 dias na preparação olímpica.

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