Jovem anapolina conta sobre medo e aprendizado vividos durante terremoto em Portugal
Segundo ela, o balanço da cama foi o que a despertou, a fazendo perceber que o tremor era geral
Para um goiano, a possibilidade de vivenciar um terremoto, felizmente, é uma expectativa com chances mínimas de ocorrer. No entanto, uma jovem anapolina, de 28 anos, vivenciou o fenômeno natural na capital portuguesa, onde foi registrado um tremor de 5,4 na Escala Richter, na madrugada de segunda-feira (26).
Ao Portal 6, Isabella Dias, artista e professora de línguas, deu detalhes sobre a região em que mora e revelou o medo vivenciado ao longo da noite – experiência que ela, inclusive, julgou educativa para toda a humanidade.
“Essa madrugada foi bem assustadora, porque a gente acordou com um tremor muito forte. Apesar de viver aqui há 6 anos, foi a primeira vez que vivenciei um terremoto, e esse foi de 5,4 na Escala Richter, o que é considerado forte. Todos nós acordamos por volta das 5h, 5h10”, explicou.
Segundo ela, o balanço da cama foi o que a despertou, a fazendo perceber que o tremor era geral, com o quarto todo se movendo. A artista mora no 4º andar de um prédio, situado no Bairro da Graça, que fica bem ao lado de um dos mais tradicionais da cidade, o dos Anjos, onde se acumulam diversas construções tradicionais.
“Acordei com minha cama toda balançando e com meu quarto tremendo, e pensei, poxa, é isso, chegou o dia. Foi um pouco assustador, mas ao decorrer do dia vimos que não é um terremoto que oferece mais riscos para a população, não houve danos e nem o registro de nenhuma pessoa ferida”, complementou.
Ela ainda detalhou que a região recebe abalos recorrentes, contudo a maioria ocorre em escalas muito baixas, quase imperceptíveis. Desta vez, o epicentro do balanço estava quase que sob a cidade, a uma distância de cerca de 80 km, de modo que chegou a ser sentido nas cidades de Praga e Porto.
“Outras regiões mais modernas de Lisboa foram construídas com uma estrutura mais forte, justamente para se adaptarem e resistirem a situações como esta. Acredito que esse tipo de evento é um alerta, e um lembrete que nós somos apenas humanos, e temos essa ilusão do controle, mas estamos sujeitos a enfrentar desastres naturais e as consequências dos nossos atos”, pontuou ainda, a jovem.
Histórico
Isabella também relembrou que esse foi o maior abalo sísmico na região desde 1969, quando um terremoto de 7,9 graus na Escala Richter causou uma verdadeira tragédia em Portugal, no norte de Marrocos e em parte da Espanha. Esse caso aconteceu no dia 28 de fevereiro de 1969, às 03h41, e deixou cerca de 13 vítimas.
Além desse, um abalo ainda pior foi registrado no dia 1º de novembro de 1755, alcançando entre 8,7 e 9 graus na Escala Richter e resultando na destruição quase completa da cidade de Lisboa. O desastre deixou mais de 10 mil mortos, resultando em diversos incêndios e em um maremoto, com ondas de mais de 20 metros de altura. O desastre acabou se tornando um marco para os estudos de abalos sísmicos no país, sendo discutido por filósofos iluministas como Voltaire.
“Em 1755 houve outro terremoto, que foi uma tragédia muito grande. Quando esse tipo de evento, em uma escala menor, acontece, a população fica bem alerta. Passamos o dia pesquisando os riscos de um terremoto com uma magnitude maior acontecer, especialmente aqui na área que moramos, que é perto da Graça. Os prédios são muito antigos, então não há uma estrutura muito preparada”, finalizou a artista.