Diabéticos formam fila e saem sem insulina do Centro de Distribuição de Anápolis

Situação, que já é recorrente, voltou a acontecer nesta sexta-feira (11) e tem impactado bolso e saúde dos pacientes

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Diabéticos formam fila e saem sem insulina do Centro de Distribuição de Anápolis
Superlotação centro de distribuição, em Anápolis. (Foto: Reprodução)

Novamente, em 10 dias, a história se repete. Com filas extensas e superlotação, pacientes, familiares e amigos preenchem a sala de espera, corredores e até a entrada do Centro Especializado de Distribuição em Anápolis numa busca frustrada de obter insulina, medicação indispensável para quem convive com diabete.

A situação na unidade – que serve de ponto para que os portadores da doença obtenham o fármaco – se repete há semanas. Desde agosto, o local é palco de interrupções, que vão desde a ausência de um tipo específico de insulina, entregas fracionadas e até generalizadas da substância.

Na manhã desta sexta-feira (11), a cena voltou a acontecer, quando a bombeira Silvia Dourado compareceu no centro para tentar pegar algumas doses que seriam destinadas para o marido da amiga dela, Marília – nome fictício -, de 35 anos. No local, ela foi informada por servidores que sequer adiantaria permanecer na fila porque as unidades recebidas eram insuficientes para atender todos. 

“Disseram que chegaram 50 unidades, então não adianta nem eu ficar na fila para pegar medicamentos para ela. Eu tive que juntar dinheiro para comprar porque o marido dela não tá nem comendo direito por conta da diabete, porque se ele comer, ele tem que tomar insulina. Já falaram aqui que não adianta nem eu ficar na fila porque não vai ter medicamento”, disse ela em vídeos enviados ao Portal 6.

Desempregada e contando apenas com a renda do marido, Marília tenta em vão desde 30 de setembro obter a insulina no Centro de Distribuição, sendo obrigada a recorrer a farmácias da cidade para conseguir o que é indispensável para o cônjuge. 

“Meu esposo usa 4 por mês. Duas apidra (ação rápida) e duas Lantus (ação lenta). A de ação rápida eu peguei, mas a lenta não. A gente teve que comprar ontem e ela vem só 80, e meu marido aplica 30 por dia. Não dá nem para três dias”, afirmou à reportagem.

O impacto reflete diretamente nos bolsos. Além da demora para encontrar uma única farmácia na cidade em que o medicamento estivesse sendo, o preço desembolsado para uma única insulina foi de R$ 112. 

“Eu estou desempregada, só que trabalha e a gente está tendo que se virar. […] Isso me desestruturou porque não estava dentro do nosso orçamento. Já faz mais de 12 anos e eu não tenho cadastro em nenhuma farmácia de Anápolis, a única solução foi comprar e era a última da farmácia”, afirmou Marília que chegou até a fazer uma vaquinha com amigos para ajudar com os gastos. 

Em nota enviada ao Portal 6, a Prefeitura de Anápolis, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, afirmou que o atraso na entrega se deve ao fato de que a empresa vencedora da licitação enfrenta dificuldade para comprar os insumos. 

Ela, porém, afirma que está em busca de outro fornecedor até que a situação seja resolvida e que as insulinas estão chegando de modo fracionado. 

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade