Uso de celular nas escolas divide opiniões de pais e professores; confira

Pesquisa recente mostra que oito em cada 10 adultos (80%) enxergam que utilização dos aparelhos deveria ser restrita

Paulo Roberto Belém Paulo Roberto Belém -
Foto: LBeddoe/Shutterstock
Foto: LBeddoe/Shutterstock

Tem se tornado recorrente a preocupação com o uso abusivo de celulares em todas as fases da vida, mas é na fase infantojuvenil que o problema tem ganhado destaque, provocando discussões que visam equilibrar a situação, visto que é impossível desconsiderar as tecnologias envolvidas no assunto.

Diante da tramitação de um projeto de lei, em discussão na Câmara dos Deputados, que prevê a proibição dos aparelhos nas escolas, uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e pela QuestionPro mostra que oito em cada 10 adultos (80%) enxergam que o uso deles nas escolas deveria ser coibido.

O levantamento aponta que, entre os pais, 82% concordam com essa limitação, que também é apoiada pela maioria dos entrevistados que não têm filhos (72%).

Para avaliar essa situação, o Portal 6 conversou com membros da comunidade escolar que têm convívio com esse público, para ouvi-los quanto a uma eventual proibição dos dispositivos no ambiente educacional.

Conscientização

Professor do ensino médio, Neydiwan Ferreira da Silva diz ser completamente a favor da proibição. Ele aponta a seriedade da situação, lembrando de uma lei estadual que garante o impedimento do celular dentro do ambiente escolar na rede do estado.

“Nesse sentido há uma concessão. Reivindicamos a conscientização para deixar o aparelho dentro da mochila, mas os alunos não fazem isso”, afirmou.

Ele complementa que os próprios pais também oferecem resistência, sob a justificativa de precisar monitorar os passos dos filhos.

Apoio parcial 

Já o gestor comercial Célio Monteiro é pai de Arthur, de 13 anos, e concorda parcialmente com a ideia do professor. “Até certa idade, apoio a proibição total”.

Ele conta que na escola do filho já existe a proibição de entrada de dispositivos no ambiente escolar. “Só em exceções é permitido”, falou.

Sobre a situação, Célio diz que o filho, que cursa o sétimo ano na rede particular, questiona bastante a proibição.

Em casa, o gestor comercial procura educar o uso do aparelho, aliando monitoramento e restrição no uso. “Quando em semana de prova, proíbo totalmente”, informou.

Equilíbrio

Já para a nutricionista Nóblia dos Reis, mãe de Natanne, de 04 anos, e gêmeos de quase 02, o uso das telas no ambiente escolar é uma preocupação. Mas ela acredita que possa haver em equilíbrio na situação.

Ela conta que a menina, de tanto observar, aprendeu a mexer no celular. “Tira um monte de selfies”, contou.

Questionada sobre a postura que adotará quanto ao uso do aparelho pela pequena quando for acessar o ensino regular, a nutricionista não enxerga a proibição como solução, acreditando em “meio termo”. “Não tem que ser totalmente proibido. Mas, claro, com restrições”, entende.

Ela acredita no uso do celular como auxílio no aprendizado. “Claro que terá a parte do uso como ‘passatempo’, mas claro, de forma cronometrada, monitorada e fiscalizada”, comentou.

Paliativo

Neydiwan considera como alternativa, quanto a uma eventual proibição ampla, medidas paliativas no âmbito escolar. “Medidas administrativas. Por exemplo, o direito de poder mandar o estudante pra coordenação, de autonomia dos professores”, explicou.

Atualmente lecionando tanto na rede estadual quanto na particular, Neydiwan relata diferentes formas de lidar com a situação. “Na rede estadual, isso é mais complicado”, citando a política de permanência dos estudantes em aula.

Já na rede particular, o professor percebe maior rigidez quanto ao tema. “Consigo, eventualmente, mandar um aluno para a coordenação, que faz contato com os responsáveis para comunicar o abuso do uso de celular em aula, por exemplo”, arrematou.

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