Mãe com câncer consegue peruca e acalma hiperfoco do filho autista: “devolveu parte importante para ele””
Reação do garoto a ajuda ter mais força para seguir tratamento
A descoberta de um câncer de mama para uma moradora de Anápolis trouxe desafios para além da doença. Irlene, conhecida pelos amigos como Lenny, aos 38 anos, percebeu um nódulo na mama direita, mas, adiou a ida ao médico. Dois meses depois, exames confirmaram o diagnóstico: carcinoma mamário invasor HER2 triplo negativo, um dos tipos mais agressivos.
“Foi um choque, mas decidi enfrentar com coragem”, contou, em entrevista ao Portal 6. Entre exames e consultas, ela iniciou o tratamento com quimioterapia, que trouxe efeitos colaterais tanto físicos quanto emocionais.
Na terceira sessão de quimioterapia, Irlene perdeu todo o cabelo. Esse momento, comum para quem enfrenta a doença, revelou um impacto inesperado na família. Renato Miguel, filho de 6 anos diagnosticado com autismo, tinha nos cabelos da mãe um hiperfoco e uma fonte de conforto.
“Era ali que ele se acalmava, onde sentia minha presença”, explica. A ausência dos cabelos deixou Renato desorientado, intensificando as dificuldades que a família já enfrentava.
Com a situação cada vez mais delicada, a solução veio através de uma peruca feita sob medida, disponibilizada por uma organização que acolhe vítimas em situações vulneráveis. Quando Irlene colocou a peruca pela primeira vez, a reação de Renato foi emocionante. “Ele comemorou, sorriu como há tempos não fazia. Aquele momento devolveu uma parte importante para ele e para mim”, lembra Irlene.
A peruca não foi apenas uma solução prática, mas um gesto de humanidade que trouxe alívio em meio ao caos. A alegria de Renato ao ver a mãe “com cabelos” reacendeu forças na jornada de Irlene contra o câncer. Hoje, ela se prepara para iniciar as sessões de quimioterapia vermelha, conhecidas pelos efeitos mais intensos, mas enfrenta o futuro com coragem renovada. “Ver meu filho feliz me dá forças para seguir em frente”, afirma.
Histórias como a de Irlene e Renato mostram como pequenos gestos podem fazer diferença em momentos de vulnerabilidade. Para Irlene, o apoio recebido foi crucial para enfrentar os desafios do tratamento e cuidar do bem-estar do filho.
Rede de Apoio
A solução encontrada para Irlene veio através da ACRAV (Associação Centro de Referência e Apoio a Vítimas). Criada por Michelle, uma mãe que também enfrentou uma tragédia – a perda do filho Emanuel, atropelado por um motorista embriagado, em 2020 – a organização nasceu como uma forma de ressignificar a dor e levar apoio a outras pessoas. “Acreditamos em recomeços e em ser um sol em dias nublados”, afirma a fundadora.
A ACRAV oferece assistência jurídica, social e psicológica para vítimas e famílias. O acolhimento inclui crianças carentes, pessoas diagnosticadas com câncer, mulheres em situações de violência, entre outros. A associação também acompanha processos criminais, atuando como assistente de acusação em casos que envolvem vítimas vulneráveis.
Entre as iniciativas, estão a distribuição de perucas para pacientes em tratamento contra o câncer e o suporte para famílias em situações atípicas, como autismo ou abuso sexual. Para ser atendido pela associação, é necessário cumprir alguns critérios, como não possuir antecedentes criminais e demonstrar disposição para se reerguer.
Hoje, a ACRAV simboliza uma ponte entre a dor e a esperança. Ao acolher histórias como a de Irlene e Renato, a organização mostra que o cuidado e o amor podem transformar vidas, mesmo nos momentos mais desafiadores.
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